sexta-feira, 22 de março de 2013

Santa Léia de Roma, viúva


           

           Os poucos dados sobre Santa Leia estão contidos numa carta escrita por São Jerônimo a Santa Marcela quando soube da sua morte, em 384.
          Léia era uma rica romana que ao ficar viúva ainda jovem recusou um novo casamento, como era o costume da época, para se juntar à Marcela e outras mulheres, em um mosteiro criado em sua própria residência em Aventino, Roma. São Jerônimo, Doutor da Igreja, em sua estadia em Roma dava a elas lições de Sagrada Escritura e as dirigia,

              Léia havia recusado ninguém menos que Vécio Agorio Pretestato, cônsul romano, que lhe proporcionaria uma vida ainda mais luxuosa pelo prestigio e privilégios que envolviam aquele cargo. Teria uma vila inteira como moradia e incontáveis criados para atendê-la. Entretanto, Leia preferiu viver numa cela pequena, fria e escura, com simplicidade e dedicada à oração, à caridade e à penitência. Curiosamente, Leia morreu em Roma no mesmo ano em que faleceu Vécio, o cônsul rejeitado por ela.               
             Na ocasião da morte de Leia, São Jerônimo já havia se retirado de Roma, depois de ter sido caluniado, para viver solitariamente perto de Belém. Dali continuou a dirigir suas discípulas de Roma.

             Santa Léia logo foi venerada pelo povo.

             Eis o resumo feito por São Jerônimo sobre sua santa discípula, contido na carta a Santa Marcela:

           Quem renderá a bem-aventurada Leia os louvores que merece? Renunciou a pintar o rosto e a adornar a cabeça com pérolas brilhantes. Trocando ricos atavios por vestido de saco, deixou de dar ordens aos outros para obedecer a todos; viveu num canto com alguns móveis; passava as noites em oração; ensinava as companheiras mais com o exemplo do que com admoestações ou discursos; esperou a chegada ao Céu para ser recompensada pelas virtudes que praticou na terra.

             É lá que ela goza, daqui em diante, felicidade perfeita. Do seio de Abraão, onde está com Lázaro, olha para o nosso cônsul, outrora coberto de púrpura e agora revestido de ignomínias, pedindo em vão uma gota de água para matar a sede. Embora ele tivesse subido ao Capitólio entre os aplausos da população e a sua morte enlutasse toda a cidade, é em vão que sua mulher proclama imprudentemente que ele foi para o Céu e lá ocupa um grande palácio. A realidade é que foi precipitado nas trevas exteriores, ao passo que Leia, que queria passar na terra por insensata, foi recebida na casa do Pai ao festim do Cordeiro.

             Por isso vos peço, com lágrimas nos olhos, que não procureis os favores do mundo e que renuncieis a tudo o que é da carne. Em vão se procuraria seguir ao mesmo tempo o mundo e Jesus. Vivamos na renúncia de nós mesmos, porque o nosso corpo em breve se converterá em pó e o resto não durará também muito.