domingo, 9 de outubro de 2011

Matilde de Magdeburg, mística, 1210-1282

         Matilde (ou Mechtilde) nasceu no arcebispado de Magdeburg, em 1210. Teve uma profunda comunhão com Deus desde tenra idade. Jovem ainda abandonou a casa paterna para levar vida de penitência como beguina. Aos vinte anos, tomou os votos como Beguina. Durante trinta anos - sua vida mística começou quando tinha uns doze anos - não disse nada de suas experiências místicas. Foi as instâncias de seus confessor, o dominicano Enrique de Halle, que levou-a a escrevê-las.
         A obra de Matilde, de que até o título lhe foi revelado, A Luz que Emana da Divindade, consta de seis volumes. Um sétimo, mais contemplativo seria acrescentado quando ela já estava em Helfta. Com efeito, em 1270, entrou no mosteiro cisterciense de Helfta. Esse compêndio de suas revelações, Matilde atribui como vindas somente de Deus.
        O centro de sua espiritualidade se acha em seu amor ardente de Deus "que é meu Pai por natureza, meu Irmão por sua humanidade e meu esposo por amor".
       No Sagrado Coração, Matilde vê sobretudo a vida interior do Senhor, ardente de amor, ao qual os homens respondem com insultos. Entrando em Helfta em 1270, achou duas monjas jovens que chegaram a ser muito importantes na historia da espiritualidade: Santa Matilde de Hackeborn e Santa Gertrudes a Grande.
       Em seus escritos, Matilde denuncia com tal veemência os defeitos do clero, do Império e da ordem dominicana que lhe atraiu amigos e inimigos ferozes, no meio do clero em particular. Matilde faleceu em 1282.



PENSAMENTOS DE MECHTILDE DE MAGDEBURG

"Oh Deus, Tu que te derramas em teu dom!
Oh Deus, Tu que flues em teu amor!
Oh Deus, Tu que ardes em teu desejo!
Oh Deus, Tu que te fundes na união com teu amado!
Oh Deus, Tu que repousas entre meus peitos, sem Ti não posso ser!"

“Deus vem a mim nas horas de silêncio, como a brisa matinal às flores do verão”.

"Devo, longe de todas as coisas, dar-me a Deus, que é meu Pai por natureza, meu irmão pela humanidade, meu prometido pelo amor".

"Não posso dançar, Senhor, a não ser que Você me guie."

"O Filho de Deus apareceu diante de mim, e em suas mãos tinha seu Coração. Era mais brilhante que o sol, e difundiu raios luminosos de luz por todos lados. Então, meu Mestre amado me fez compreender que todas as graças que Deus continuamente derrama sobre a humanidade, fluem deste mesmo Coração".

"Deves amar 'nada',
deves fugir de 'algo',
deves permanecer só
e não visitar a ninguém.
Deves ser muito ativa
e livre de todas as coisas.
Deves libertar os cativos
e forçar aos que estão livres.
Deves consolar aos enfermos
e no entanto não ter nada tu mesma.
Deves beber a água do sofrimento
e acender o fogo do Amor com a lenha das virtudes.
Assim vives no verdadeiro deserto.
Quanto mais me fundo na profundidade da humildade sem mescla,
uma maior doçura me refresca".

“Sem esforço o amor flui de Deus para o homem como um pássaro que plana no ar sem mover as asas. Assim nos movemos neste mundo um em corpo e alma, embora externamente separados na forma quando a fonte toca a nota, a humanidade canta – O Espírito Santo é nosso harpista, e todas as cordas que são tocadas com amor, devem soar”.