sexta-feira, 9 de março de 2012

São Gregório de Nissa, bispo e doutor da Igreja


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        Os registros e a tradição trazem poucos dados sobre a vida de Gregório de Nissa, antes dele se tornar sacerdote. Mas, existe a literatura teológica que nos dá luz sobre seus pensamentos e seu modo de agir em relação ao cristianismo, que ele mesmo escreveu e nos deixou. Ele nasceu na Cesarea da Capadócia, Turquia entre os anos 330 a 335. Seus pais Basílio, apelidado de "o velho", e Amélia, tiveram dez filhos dos quais: Gregório, Pedro, Basílio e Macrina, se tornaram santos. Sem contar o avô, que morreu mártir e a avó, da qual a irmã herdou o nome, e que a Igreja também venera.
        Gregório estudou em Atenas, e se interessou especialmente pelos principais autores clássicos da razão, como Platão e Aristóteles, mas também os da fé, como Orígenes e Metódio de Olimpo. Mais tarde se casou e foi lecionar. Ao se tornar viúvo abandonou o cargo de professor, para se dedicar só ao Cristianismo. Sob a orientação e influência de Gregório Nazianzeno, que também é celebrado e com quem ele convivera, foi motivado a seguir a vida religiosa à exemplo dos seus irmãos. Optando pela monástica, se isolou num mosteiro do qual saiu somente quando, em 371, foi nomeado bispo de Nissa, na Capadócia.
        Tornou-se um teólogo conhecido e respeitado através de seus famosos trabalhos dogmáticos, dos quais "Grande Catequese" é considerado o principal. Dentre suas obras importantes, encontramos também o "Livro sobre a Virgindade", referente a Maria, Mãe de Deus. Todas escritas durante o tempo vivido na solidão das margens do rio Íris, onde se isolara com seu irmão Basílio, que depois se tornou bispo da Cesarea.
        Amante da solidão e do estudo, foi a contragosto que assumiu a diocese de Nissa. Sua bondade e falta de senso prático eram tão notórias, que muitos a consideravam ingenuidade. Tanto que, nesse cargo, Gregório viu-se acusado de desperdiçar bens da Igreja, sendo, de repente, deposto e mandado ao exílio, no ano 376, período em que faleceu seu irmão Basílio. Entretanto, dois anos depois, provou que tudo não passou de uma trama dos hereges arianos, porque as acusações não foram fundamentadas e Gregório teve sua inocência reconhecida. Aclamado pelos fiéis e pelo povo, reassumiu a diocese.
        Depois desse episódio do exílio, o conceito de Gregório de Nissa subiu muito no mundo cristão e ele resolveu inúmeras divergências entre as igrejas orientais, sendo o mediador de questões doutrinárias ou mesmo administrativas. Cumpriu também missões determinadas pelo próprio imperador. Ele teve participações decisivas nos concílios: de Antioquia e o de Constantinopla, em 394, onde se definiu a "coluna da ortodoxia". Colocou a paz entre as Igrejas da Arábia e da Palestina.
       Há muitos pontos em comum entre Gregório de Nissa e Tomás d'Aquino se compararmos, no trabalho de ambos, o cuidado em dar aos problemas enfrentados, cada um à sua época, uma resposta em sintonia com os dados da fé e as exigências da razão. Gregório de Nissa é considerado um dos padres orientais mais expressivos do século IV. Ele morreu entre os anos 395 a 400 e sua festa se comemora no dia 09 de março.