sábado, 7 de dezembro de 2013

Venerável Ana Maria Fiorelli Lapini



           Ana Maria nasceu em Florença a 27 de maio de 1809, sendo a quinta dos onze filhos de uma pobre família, cujo chefe era barbeiro. Precisamente porque a sua pobreza a impediu de arranjar o dote necessário, não foi possível entrar numa comunidade religiosa. Por isso resolveu aos 27 anos casar com um amigo da família e companheiro de infância. A união, no entanto, não foi feliz, e Ana sofreu muito devido à vida dissoluta do marido, mandrião, desbocado, esbanjador em tavernas e casas de jogo.
        Quando ele, depois de convertido, morreu em 1842, a viúva, com 35 anos, retirou-se para um bairro modesto decidida a levar uma vida de pobreza. O seu exemplo atraiu algumas senhoras devotas, e surgiu a ideia de fundarem um novo instituto. No dia 17 de maio de 1850, numa casa de campo que lhes foi oferecida, diante do altar e dum frade franciscano, Ana Maria e as companheiras descalçaram-se, trocaram as roupas seculares pelo hábito franciscano, cortaram as cabeleiras e mudaram de nome, como sinal de mudança de vida; Ana Maria passou a chamar-se Sóror Ana das Sagradas Chagas. Assim nasceu o Instituto das “Pobres Filhas das Sagradas Chagas (Estigmas) de São Francisco de Assis”, chamadas também de “Estigmatinas”, especialmente vocacionadas para a educação da juventude. A congregação recebeu da Santa Sé uma aprovação provisória a 25 de julho de 1855, e a definitiva em 19 de setembro de 1888, e progrediu rapidamente. Sóror Ana tinha feito a profissão religiosa solene em 1855, e morreu cinco anos mais tarde, a 15 de abril de 1860, na casa mãe do instituto, Santa Maria das Neves, no Pórtico de Florença, onde foi sepultada.
       A vida da Venerável Ana Maria foi desde muito cedo rica de experiências: donzela piedosa, noiva, esposa infeliz que ofereceu esse infortúnio pela conversão do marido, depois viúva consagrada a Deus na ordem franciscana secular, e por fim fundadora de um instituto franciscano regular: mulher forte e mãe que gerou muitos filhos para a Igreja. Embora quisesse dedicar-se totalmente a Deus e ao próximo, não foi aceita em nenhum instituto, simplesmente por não ter dote. Empenhou-se então em fundar um onde não se exigia dote para nele entrar, lançando assim as bases para uma nova família religiosa marcada pela espiritualidade franciscana, a começar pela pobreza, pedindo esmola para fazer bem aos necessitados, sem descurar o espírito de oração e de trabalho. Na mente da fundadora, “sem amor ao próximo não é possível ter a pretensão de amar a Deus”.
        Nas atividades do instituto, o amor ao próximo concretiza-se em especial na educação da juventude e assistência a doentes; a vida contemplativa deve refletir-se no serviço aos irmãos necessitados.