sexta-feira, 29 de novembro de 2013

São Saturnino




Saturnino forma um elo entre a Gália, França, e a Judéia, entre a nossa civilização e a de Jesus Cristo. De acordo com a tradição, ele era grego e viveu nos tempos de Cristo. Tendo ouvido falar de São João Batista, foi ouvi-lo pessoalmente, e ficou tão comovido que se tornou um de seus discípulos. Ele foi batizado no Rio Jordão no mesmo dia que Jesus, tornando-se um de Seus 72 discípulos. 
Ele continuou com os apóstolos após a Crucificação e estava com eles no Cenáculo quando o Espírito Santo desceu sobre eles, em Pentecostes. Foi com São Pedro para evangelizar o Oriente Médio. De lá foi enviando à Gália, dirigindo-se depois para Arles e Nimes. Finalmente fixou-se em Toulouse com dois de seus companheiros: Paoul, que Pedro havia enviado com ele, e Honestus, que ele converteu em sua jornada.
Quando chegou a Toulouse, ele começou a destruir os ídolos pagãos, deixando o povo muito desconfiado. Saturnino sentiu que algo mais deveria ser feito. Assim, um dia, Saturnino curou a lepra de Austris da Saxônia, filha de Marcellus, o governador de Toulouse! Imediatamente quase toda a cidade se converteu. De lá, ele enviou seu discípulo Honestus para Pamplona, e ele conseguiu chegar até Toledo, onde converteu centenas de pessoas. Se encontrava multidões desconfiadas, ele simplesmente fazia um milagre com sua benção, invocando os poderes de Jesus: curava um paralítico, um leproso ou um cego e seguia em frente. Mais tarde, retornou a Toulouse, encontrando a cidade em boas condições. Outro grande milagre: O evangelista fora para longe por anos e, quando retornava, tudo estava como se ele tivesse continuado presente!
Mas o trabalho de Saturnino não estava completo. Agora, restava-lhe morrer. Morrer como São Pedro ou como São João Batista. Diz a tradição que ele retirou as estátuas dos deuses pagãos de um templo que ainda havia na cidade, e que os sacerdotes pagãos da época colocaram outras estátuas de ídolos em seus lugares, mas elas simplesmente quebravam ou, o que era mais impressionante, saíam andando para fora da cidade. Com isso, silenciaram-se os oráculos pagãos de onde os sacerdotes recebiam sua principal renda.
Eles capturaram Saturnino e ataram seus pés a um touro selvagem, que saiu arrastando o santo pela cidade afora e, mesmo quando seus devotos o socorreram, ele já estava com a cabeça e o corpo estilhaçados. 
Hoje, a igreja de São Saturnino em Toulouse é a maior igreja (no estilo românico) da França, e o seu corpo repousa num grande túmulo construído em 1746. Na arte litúrgica da Igreja, ele é mostrado como um Bispo sendo arrastado por um touro, ou com um touro a seus pés.

Beatos Redento da Cruz e Dionísio da Natividade, religiosos e mártires


Beato Redento da Cruz




Chamava-se Tomás Rodrigues da Cunha e nasceu em Paredes de Coura, em 1598, no seio de uma família nobre. Com 19 anos embarcou para a Índia e notabilizou-se como capitão da praça de Meliapor. Mas optou por outro caminho: o da ordem carmelita onde recebeu o nome de Redento da Cruz. Nos finais de Outubro de 1638, foi enviado com o Padre Dionísio da Natividade a Achem, na Samatra, onde foi denunciado como espião e posto a ferros. Os mouros decidiram negociar a libertação dos cativos, mediante a sua conversão ao Islã. Perante a recusa de abjurarem da sua fé, foram condenados a atrozes suplícios e à morte a golpes de azagaia.


Beato Dionísio da Natividade




Chamava-se Pierre Berthelot e nasceu na Flandres, onde hoje é a Bélgica, em 1600. Era navegador e, por vicissitudes várias, serviu a armada holandesa quando tinha vinte anos. Mas, em breve, trocou o reino da Holanda pelo de Portugal, onde foi nomeado cosmógrafo e piloto-mor.
Em Goa, tentou em vão ser jesuíta. Mas, em 1635, acabou por ser aceite na ordem carmelita, onde recebeu o nome de Dionísio da Natividade. Já carmelita, participou na defesa de Goa mas, em 1638, quando se dirigia a Samatra acompanhando uma embaixada real, foi apanhado pelos mouros que o quiseram forçar a aderir à religião islâmica. Seguia com ele o irmão Redento da Cruz. Os dois, com mais sessenta companheiros, resistiram até ao martírio que ocorreu nos finais desse mesmo ano.

Beata Madre Maria Helena Stollenwerk, religiosa e co-fundadora



No dia 28 de Novembro celebra-se a festa da Beata Maria Helena Stollenwerk. Helena nasceu no dia 28 de Novembro de 1852, numa aldeia do Eifel, na Alemanha. A sua infância foi marcada pela morte de seu pai e pelo cuidado com seus irmãos surdos-mudos. As leituras sobre as missões em países não evangelizados tocou Helena profundamente.
Aos 14 anos foi nomeada promotora da Obra Missionária da Santa Infância de sua paróquia. Sentia-se profundamente atraída pelas crianças da China, a quem procurava meios para ajudar. Aos 16 anos descobriu que, através da vida religiosa, poderia alcançar sua meta. Durante anos procurou por uma congregação missionária. Como a Alemanha vivia tempos de perseguição, Helena precisou esperar. Com Santo Arnaldo Janssen, Helena foi co-fundadora, em Steyl, das Missionárias Servas do Espírito Santo (1889) e das Missionárias Servas do Espírito Santo da Adoração Perpétua (1896). Faleceu no dia 3 de Fevereiro de 1900.

Chamado e missão

“Sempre foi uma grande alegria, para mim, poder fazer algo pela Obra da Infância missionária” dizia a Beata Maria Helena. Desde pequenina identificou-se com o ideal missionário. Foi “tocada” no seu íntimo pela Palavra de Deus e por situações de sofrimento humano, a ponto de modificar toda a sua vida. Helena sente-se interpelada pelo sofrimento das crianças pagãs e abandonadas da China.
É significativo que, para a Beata Maria Helena, o ideal missionário esteja em primeiro lugar, e não a vida religiosa. “Naquele tempo eu tinha apenas o desejo de ir aos pobres pagãos. Não pensava em entrar numa congregação religiosa.” A necessidade de entrar numa congregação religiosa para viver o seu carisma só apareceu mais tarde, como um meio para chegar ao seu objetivo: a China.
Ela viveu o amor misericordioso de Deus pelos homens, tal como se revelou na História de Israel: “Eu vi a aflição do meu povo e desci para salvá-los das mãos dos egípcios e conduzi-los para a terra prometida” (Ex 3,7-8). As situações de sofrimento, pobreza e ameaças à vida, nós experimentamo-las no nosso próprio chamamento. Muitas vezes, no sofrimento dos homens, o apelo de Deus atinge-nos como um golpe. Reconhecemos que, só na resposta a este chamamento, encontraremos a realização da nossa própria vida! Esta certeza é tão firme na vida de Helena que se mantém ainda hoje e se vai perpetuando nas Irmãs Missionárias Servas do Espírito Santo. Quando foi a Steyl (casa mãe das três congregações fundadas por Santo Arnaldo na Holanda) pela primeira vez, disse: “Eu estava tão feliz como nunca estivera antes. Senti que aqui era o meu lugar e que a missão da Sociedade do Verbo Divino coincidia com o que Deus me pedia.” 
É significativo que a vocação missionária de Helena tenha sido alimentada pela Obra da Santa Infância. O desejo de ser enviada às missões estrangeiras vive nela mesmo antes da fundação da nossa Congregação de Missionárias Servas do Espírito Santo. Esse desejo faz parte do carisma que nos foi doado através da nossa co-fundadora. 
A vida da Bem-aventurada Maria Helena parece a de uma semente que morre escondida na escuridão da terra e acorda para uma vida nova. Para ela, é a palavra de Javé a Abraão: “Deixa a tua terra, a tua família e a casa de teu pai e vai para a terra que eu te mostrar. Farei de ti uma grande nação; eu te abençoarei e exaltarei o teu nome e tu serás uma fonte de bênçãos” (Gen 12,1-2). Também Helena escuta a Palavra de Deus, confia como Abraão e põe-se a caminho. A promessa vive nela. Ela mesma é parte da promessa. Ela é capaz de suportar o penoso trabalho sem se queixar porque tem o objetivo diante dos olhos e é confirmado por Deus no caminho pela experiência da alegria: “Eu vivo, na Casa Missionária, felicíssima e contente.”

Missionária e fundadora

Desde a infância, Maria Helena sente o chamamento para a missão e a sua felicidade consiste na realização desta aspiração. Para Helena, o essencial do seu chamamento é o aspecto missionário: ser enviada à China, para ali doar a vida.
Através da experiência de Deus, feita na primeira visita a Steyl, sente-se encorajada a procurar ali a realização do chamamento missionário. É o próprio Deus que lhe revela, por experiências interiores, guia-a sempre de novo e confirma-a no chamamento missionário. Nela se resume o carisma missionário e o da contemplação. Os diretores espirituais também reconhecem nela essa tendência contemplativa. Maria Helena procura aprofundar, cada vez mais, nas irmãs, o amor à vocação religiosa-missionária. Ela escreve às Irmãs: “Não deixemos de agradecer, nem em um só dia, do fundo do coração, pela grande graça de sermos irmãs missionárias. Alegrai-vos, porque Deus nos escolheu.”
Também entende a passagem à clausura como uma entrega para a missão. Agora, em cada momento livre, quer levantar o coração e as mãos a Deus, para que Ele abençoe o trabalho das missionárias. Afirma, várias vezes, que ama a vocação missionária e que somente dá o passo para a clausura, porque reconhece nisso a vontade de Deus. A experiência de Deus em Helena é, intimamente relacionada com a experiência do chamamento missionário.
A Encíclica “Redemptoris Missio” indica como marca essencial da Espiritualidade Missionária a união íntima com Cristo e a participação nas Suas atitudes: “Tende entre vós os mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus (Fil 2,5-8). O chamamento percorre o mesmo caminho e tem o ponto final ao pé da cruz” (R.M 67). Estas palavras de João Paulo II são como um espelho na vida de Helena. Dela é exigido renunciar a si mesma e a tudo o que, até então, considera como seu, para se tornar em tudo para todos. Ela escolheu o caminho de seguir Jesus, o Enviado do Pai. 

Beato Frederico de Ratisbona, religioso


O beato Frederico foi um irmão agostiniano conhecido pela sua:
·  generosidade,
·  humildade,
·  delicadeza para com os irmãos,
·  caridade para com os pobres,
·  religiosidade,
·  dedicação à oração e
·  seu amor devocional à Eucaristia.

Frederico nasceu em Ratisbona, Bavária, Alemanha. Seus pais pertenciam à classe média. Entrou na Ordem como irmão não clérigo no mosteiro agostiniano de São Nicolau em sua cidade natal. O mosteiro era a mais importante comunidade da Província da Bavária naquela época, e acolheu o capítulo geral da Ordem Agostiniana de 1290. Nele, a primeira Constituição dos Agostinianos foi promulgada.
Frederico serviu a comunidade como carpinteiro e tinha a responsabilidade de prover à casa a lenha necessária para o uso cotidiano, modesto trabalho levado a cabo durante anos unido a uma profunda vida de oração.
É lamentável que seja pouco o que se sabe de sua vida. Conhecemos, isso sim, alguns relatos lendários do século 16, como os que aparecem na biblioteca do capítulo metropolitano de Praga.
Algumas pinturas representando cenas da vida de Frederico e encomendadas por ocasião de sua morte ajudaram a inspirar tais lendas. Entre elas, a mais conhecida narra como um dia, impossibilitado de assistir à missa e estando no mesmo lugar onde se encontrava trabalhando, Frederico recebeu a comunhão das mãos de um anjo.
A carga de colorido com a que se apresentam os fatos históricos, em conformidade aos gostos do tempo, hoje faz com que tais relatos sejam vistos com fortes reservas, ou inclusive, com rechaço. Porém, há de se ter em conta que interessava ao narrador medieval confirmar o reconhecimento divino da santidade mediante o milagre.
Mais que escrever propriamente um biografia, a intenção era a de representar exemplos de virtude e ideais religiosos que animassem a segui-los.
Episódios como o exposto acima atestam a devoção eucarística de nosso beato e provam o profundo efeito produzido entre seus contemporâneos e a continuidade da piedosa memória de que foi objeto ao longo dos séculos.
O Prior Geral dos Agostinianos, Clemente Fulh, atesta em uma carta dirigida aos irmãos não clérigos que
"Beato Frederico chegou ao cume da perfeição obedecendo fielmente as normas estabelecidas por Santo Agostinho e soube integrar de maneira admirável a vida perfeitamente contemplativa com a vida perfeitamente ativa."
Frederico morreu em Ratisbona no dia 29 de novembro de 1329. Logo depois de sua morte muito milagres foram creditados por sua intercessão. Seus restos repousam na igreja agostiniana Santa Cecília em Ratisbona.
No dia 12 de maio de 1909, o Papa Pio X ratificou o ininterrupto culto que Frederico havia gozado e o proclamou beato.

São Tiago da Marca, religioso

Sobre este santo, cujo nome está unido ao de São Bernardino de Sena e de São João de Capistrano, seu companheiro nas peregrinações apostólicas por toda a Europa, possuímos muitas notícias, referidas em parte por ele mesmo e em parte pelo humilde irmão leigo, Venâncio de Fabriano, que desde 1463 esteve constantemente ao seu lado.
Tiago de Marca, cujo nome civil era Domingos Cangali, nasceu em Monteprandone (Ascoli Piceno) em 1394. Era ainda muito jovem quando perdeu o pai. Já aos sete anos era pastor, apascentava ovelhas. Apavorado pela obstinada presença de um estranho lobo, que mais tarde ele chamará de “Anjo de Deus e não lobo como parecia”, abandonando o rebanho fugiu para Offida e foi morar com um padre, parente seu.
Como na escola aprendia com facilidade, os irmãos deixaram-no estudar. Prosseguiu os estudos de direito civil em Perúgia. Tornou-se tabelião. Estabeleceu-se depois em Florença. Voltando a Marca, para resolver negócios familiares, parou em Assis, e aí após uma conversa com o prior de Santa Maria dos Anjos, decidiu entrar na família franciscana.
Sabemos também a data da sua profissão religiosa: 1º de agosto de 1416. Seis anos depois, com o sacerdócio, tornou-se pregador: “Em 1422, na festa de santo Antônio de Pádua comecei a pregar em são Miniato de Florença”. Esta será a ocupação principal de sua vida, até a morte acontecida em 28 de novembro de 1476 em Nápoles.
Por mais de meio século percorreu a Europa oriental e centro-setentrional não só para pregar o nome de Jesus (tema constante de suas homílias, sob o exemplo do seu mestre, são Bernardino), mas também para cumprir delicadas missões por encargo dos papas Eugênio IV, Nicolau V e Calisto III.
Este grande comunicador parecia ficar num lugar somente o tempo suficiente para erigir um mosteiro novo ou para restabelecer a observância genuína da regra franciscana nos conventos já existentes. Os últimos dezoito anos da vida passou-os quase inteiramente pregando nas regiões italianas. Encontrava-se em Áquila na morte de são Bernardino de Sena, em 1444, e seis anos depois pôde presenciar em Roma a canonização solene do mesmo. Seguia-o devotamente frei Venâncio, pelo qual sabemos que durante uma missão pregada na Lombardia, foi feita a frei Tiago de Marca a proposta de eleição para bispo de Milão que o humilde frade recusou. Frei Venâncio, após a morte do mestre, escreveu uma obra na qual conta muitos milagres operados por ele durante a vida e depois da morte.

Beata Maria Madalena da Encarnação, fundadora


 
     Nasceu em Porto Santo Stefano (Itália) no dia 16 de abril de 1770, no seio de uma família fervorosamente católica. Foi batizada no dia seguinte com os nomes de Catarina Maria Francisca Antônia.
     Cresceu em um ambiente impregnado de religiosidade exemplar. Seu pai, Lourenço Sordini, promoveu que se expusesse o Santíssimo Sacramento na igreja paroquial, para a veneração pública, em circunstâncias especiais, com espírito de amor e reparação, como, por exemplo, no carnaval. Assim, desde sua adolescência, Catarina passava horas em adoração junto a Jesus Sacramentado.
     Aos 17 anos recebeu uma proposta de casamento da parte de Afonso, jovem de boa posição, que lhe presenteou joias preciosas. Adornada com elas, ao olhar-se no espelho o rosto doloroso de Jesus Crucificado lhe apareceu e a convidava a entregar-se totalmente a ele e lhe dizia: "Catarina, me abandonas por um amor humano?" Em fevereiro de 1788 ingressou no mosteiro das Terciárias Franciscanas de Ischia de Castro. Ao vestir o hábito religioso tomou o nome de Irmã Maria Madalena da Encarnação.
     Em 19 de fevereiro de 1789, terça-feira de carnaval, no refeitório viu "Jesus como em um trono de graça no Santíssimo Sacramento, rodeado de virgens que O adoravam" e ouviu uma voz que lhe dizia: "Te elegi para instituir a obra das Adoradoras Perpétuas, que dia e noite me oferecerão sua humilde adoração para reparar as ofensas e as ingratidões da humanidade e impetrar graças e ajudas de minha divina misericórdia". Aquele dia se converteu para ela no "dia da luz".
     No dia 20 de abril de 1802 foi eleita abadessa, cargo que ocupou até 1807, quando, seguindo a vontade de Deus que desejava um novo instituto, e redigidas as Constituições, se mudou para Roma com algumas Irmãs e a bênção de Pio VII, para fundar o primeiro mosteiro das Adoradoras Perpétuas do Santíssimo Sacramento, no convento de São Joaquim e Santa Ana, em Quattro Fontane. A fundação teve lugar no dia 8 de julho de 1807. Por iniciativa sua a igreja foi aberta para a adoração dos fieis leigos.
     Graças a sua união com Deus cada vez mais íntima, a seu grande espírito de fé e a sua intensa oração em tempos muito difíceis devido a invasão dos franceses depois da Revolução Francesa, conseguiu realizar muitas obras em beneficio do mosteiro e também de muitas pessoas que recorriam a ela.
     A Madre Maria Madalena profetizou ao Papa Pio VII a sua deportação para a França: "Mas não tenha medo; ninguém lhe poderá prejudicar e voltará glorioso a Roma". A cruz também chegou para as Adoradoras sob a forma da supressão do instituto e ela foi exilada em Florença.
     Com a queda do regime napoleônico, no ano 1814, a Madre voltou para Roma com algumas jovens florentinas e em 18 de setembro de 1817 vestiu o novo hábito religioso, que havia visto no "dia da luz": túnica branca e escapulário vermelho, símbolos do candor virginal e do amor a Jesus Crucificado e Eucarístico.
     Em 10 de março de 1818 a Santa Sé reconheceu oficialmente a Congregação, que a Madre Maria Madalena colocou sob o patrocínio da Virgem das Dores.
     A Beata faleceu em 29 de novembro de 1824, em Roma. Foi sepultada em Santa Ana no Quirinal, com a permissão do papa, que então residia no Palácio do Quirinal, mas em 1839 seus despojos foram transladados para a Igreja de Santa Maria Madalena em Monte Cavallo, nova sede de Roma das Adoradoras Perpétuas.
     Foi beatificada no dia 3 de maio de 2008 na Basílica de São João de Latrão, Roma.
     O Instituto conta hoje com mais de noventa mosteiros espalhados por todo o mundo. 

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Santa Fausta Romana, mãe de família



     Na Passio de Santa Anastásia se lê uma carta dirigida a um certo Crisogono, na qual está escrito: "Se bem que meu pai fosse um idólatra, minha mãe Fausta viveu sempre fiel e casta. Ela me fez cristã desde o berço”.
     Este é o único texto existente que menciona a Santa recordada deste dia. Nada mais resta para recordar-nos de Santa Fausta, a não ser este breve testemunho de reconhecimento filial.
     Façamos uma tentativa de retratá-la. É uma mãe que instrui a própria filha no Cristianismo “desde o berço”. Ela era esposa de um idólatra, mas adorava o Deus verdadeiro. Uma esposa fiel, uma mulher casta, segundo diz sua filha. Parece muito pouco para aqueles que esperam da santidade manifestações espetaculares e fatos inusitados.
     Mas, nos primeiros tempos do Cristianismo era um fato inusitado encontrar almas dispostas ao sacrifício e à perseguição por amor daquele Deus desprezado pelos pagãos, difamado como um vulgar malfeitor que morreu numa cruz.
     Para os apologistas, a primeira difusão do Cristianismo já foi um milagre. Bastaria este milagre para demonstrar a divindade de Cristo. Pela mesma razão, bastava a conversão para demonstrar a santidade dos primeiros cristãos. Era preciso muita coragem e amor de Deus para declarar-se cristão, enfrentando as perseguições, a prisão, a condenação, o suplício e o martírio.
     As várias Passio procuravam tornar mais evidentes e mais exemplares estes sacrifícios por vezes obscuros, estes heroísmos escondidos. Entre estes, na complexa Passio de Santa Anastásia, encontramos uma referência, um indício que fala de sua mãe Fausta, que educara a filha no Cristianismo desde o berço.
     Certamente Fausta sabia bem o que isto significava. Desejava preparar a própria filha para um futuro de sacrifícios, quem sabe para a morte prematura. O amor materno teve que ser superado pela fé, e a esperança humana deveria ser substituída pela caridade divina.
     Eis a razão por que as poucas palavras dedicadas à Santa Fausta revelam um panorama histórico e religioso profundo e adquiriram um grande valor apologético na perspectiva dos primeiros séculos.
     Mas, estas mães corajosas que nos lares ainda pagãos introduziam os princípios do Cristianismo, educando seus filhos nele, iluminando os berços de suas crianças com a chama de sua fé, alimentando em seus corações a fortaleza e o amor ao sacrifício, são também hoje um exemplo para as mulheres verdadeiramente católicas, que não pactuam com os erros do mundo moderno, nem dobram os joelhos diante das modas e não cedem às pressões para se adaptarem aos costumes neo-pagãos.
     Que Santa Fausta acenda nos corações maternos a fé e a fortaleza nos dias em que vivemos!
 

Santa Bililde, duquesa e monja


     Pouco se sabe da vida de Santa Bililde (ou Bilhildis) de Altmünster. Seu culto é atestado pela primeira vez em um calendário de Mainz no ano 1000. Sua Vita embelezada foi escrita depois de 1060/62.
     Segundo a legenda, ela nasceu na Baviera, em Veitshoechheim, perto de Würzburg e era filha do Conde Iberin, da nobre família de Haganonen, e de sua esposa Matilde. No ano 672, Bililde desposou o Duque da Turíngia. Ela esperava uma criança quando seu marido partiu para uma guerra; ela então se refugiou junto ao seu tio, Bispo de Mogúncia, Sigiberto (ou Rigiberto). Seu filho morreu ali.
     Após a morte de seu marido, o Bispo Sigiberto adquiriu terras nas proximidades de Mainz. Lá ela fundou, com seu apoio, um mosteiro feminino, o primeiro de Hagenmüster, ou alta Münster, e chamado desde a Idade Média de Mosteiro Beneditino de Altmünster. Bililde o dotou de seus bens e o governou até a sua morte.
     Bililde faleceu provavelmente em 734 e foi enterrada no coro da igreja do mosteiro. Em 1289, foi construído um altar para ela em um mosteiro e um santuário com a sua própria cabeça. As relíquias chegaram pela primeira vez no Mainz e após o bombardeio e destruição, em 1945, e foram colocadas na sacristia da Catedral de Mainz. A relíquia da cabeça foi estudada cientificamente em 1991, e declarada genuína.
     Após a transladação de suas relíquias para Veitshoechheim em 1722, seu culto teve um grande impulso. Mas, foi após a dissolução do Mosteiro de Altmünster que em Veitshoechheim se iniciou uma comemoração anual em sua honra no dia 27 de novembro. Além disso, em um domingo de maio, há uma procissão com um relicário de Santa Bililde que percorre pelo pátio e pelas ruas.
     Embora as informações sobre a vida de Bililde não sejam inteiramente confiáveis, é certo que há testemunha de seu culto principalmente em Mainz e na Francônia. Em um calendário do século IX, hoje perdido, mas consultado por Mabillon na biblioteca de São Benigno em Dijon, se liam estas palavras: V Kal. dec. commemoratio sanctae Bilhildis virginis. Em Mogúncia existe hoje uma pequena igreja dedicada a ela. Pode-se portanto admitir que Bililde viveu perto de Mogúncia, que foi virgem e não esposa e que teve parte na fundação do mosteiro mencionado acima.
          Santa Bililde é patrona dos enfermos.

Beata Isabel Bona


       A filha saiu aos pais, humildes e pobres de bens temporais, mas ricos de virtude: também ela se distinguiu desde a meninice por uma piedade rara, inocência virginal e um feito tão doce e amável que todos a tratavam como a "Boa" (Bona), sobrenome por que ficou a ser conhecida.
       Quando Isabel contava 14 anos, o padre Conrado Kigelin, seu confessor, aconselhou-a a deixar o mundo e tomar o hábito da ordem terceira de São Francisco. Passou a viver segundo a regra franciscana primeiramente em sua própria casa; mas pouco depois achou melhor deixar os pais para ir viver com uma piedosa terceira franciscana. O demônio para impedir os progressos de Isabel no caminho da perfeição, atormentava-a com frequência. Enquanto ela aprendia a arte de tecelã, enrodilhava-lhe o fio, estragava-lhe o trabalho, fazia-a perder a metade do tempo em reparações de defeitos. Mas Isabel levava sempre a melhor com a sua paciência a toda a prova.
       Quando ela completou 17 anos, o padre Conrado Kigelin orientou-a para uma comunidade feminina onde algumas religiosas seguiam com fervor a regra franciscana da ordem terceira. Enquadrada nessa comunidade, Isabel continuou sempre com a mesma doçura e obediência, assídua à oração e à penitência, preferindo os ofícios mais humildes, tão amante da solidão que só saía do convento por motivos de força maior, a ponta de lhe chamarem "a reclusa".
       O demônio continuou a persegui-la de forma implacável, mas sem êxito. Foi atacada pela lepra e outros sofrimentos físicos. No entanto, essas novas provações ainda tornaram mais heroica a paciência de Isabel, que nunca se queixava de nada, pelo contrário, louvava a Deus por tudo.
      E Deus compensou as virtudes da sua humilde serva, favorecendo-a com êxtases e visões maravilhosas. Durante o concílio ecumênico de Constança prognosticou o fim do cisma do ocidente e a eleição do papa Martinho V. Jesus concedeu-lhe a graça de experimentar os sofrimentos da sua Paixão e de receber no corpo a impressão das Chagas. Por vezes a cabeça aparecia ferida por espinhos. No meio das dores, exclamava: "Obrigada, Senhor, por me fazeres sentir as dores da tua Paixão!". As chagas apareciam apenas de vez em quando, mas os sofrimentos eram contínuos. O padre Conrado Kigelin, que foi sempre o seu diretor espiritual, deixou-nos uma biografia da sua dirigida, escrita por ele próprio. Isabel foi uma alma mística, rica de especiais carismas. Morreu a 25 de novembro de 1420, com 34 anos de idade.

Beato Mateus Álvares


        O pai de Mateus Álvares era português, e a mãe japonesa. O filho foi um cristão exemplar já em vida, mas, sobretudo na morte. Pertence ao número imponente dos convertidos japoneses depois da mais antiga experiência de evangelização desse país do extremo Oriente, ligado à história e à glória de São Francisco Xavier.
       São Francisco Xavier tinha estado no Japão por volta de 1550, e aí lançara as primeiras sementes do apostolado cristão. Depois dele, a obra evangelizadora foi continuada pelos seus confrades da Companhia de Jesus, com êxito tanto mais surpreendente, quanto era difícil penetrar naquela cultura e mentalidade muito diferente da ocidental, e ainda devido à complexidade da língua japonesa.
           Apesar disso, menos de 30 anos depois, em 1587, já se contavam no Japão mais de 200.000 cristãos. Um deles era o Beato Mateus Álvares. Batizado pelos franciscanos, tinha-se inscrito na ordem terceira de São Francisco e esforçava-se por viver segundo o espírito seráfico. Como bom japonês, conhecia perfeitamente as doutrinas e os costumes budistas, e isso permitiu-lhe sair vencedor em variadas discussões e obter numerosas conversões.
         Durante certo tempo os missionários do Japão viveram em clima de tolerância e inclusivamente de simpatia. Mas de repente, por motivos diversos e complexos, foi decretada a expulsão dos missionários estrangeiros. Contudo, grande parte dos religiosos não fizeram caso do decreto e continuaram lá, na clandestinidade, prosseguindo com as devidas cautelas o trabalho de apostolado e assistência às comunidades cristãs. Sucedeu que a chegada de novos missionários e o seu proselitismo demasiadamente descarado sobressaltou as autoridades, que decretaram a prisão de todos os missionários e também de cristãos mais notáveis.
      Mateus foi detido e levado para a cadeia, onde já encontrou outros cristãos e missionários. Todos sofreram refinadas e humilhantes torturas, entre as quais a de serem expostos à irrisão e escárnio das populações. Eram também solicitados a renegar a fé cristã; mas nem ele nem nenhum dos companheiros desertou. Finalmente a 8 de setembro de 1628 foi executado na colina próxima de Nagasaki, chamada mais tarde a Colina Sagrada. Foi primeiro atravessado com lanças cruzadas que lhe atravessaram o coração, e de seguida decapitado. Antes de morrer dirigiu-se pela última vez ao povo para exortar à perseverança, e aos verdugos para lhes declarar o seu perdão.
         Sobre a Colina Sagrada, ou Colina dos Mártires, de Nagasaki, erguia-se um estandarte não de derrota, mas de perene vitória.

São Francisco Antônio Fasani




Francisco Antônio Fasani, natural de Lucera, na região italiana da Apúlia, era filho duma família de modestos lavradores. Sendo ainda muito novo, entrou na ordem franciscana, no convento de Lucera dos frades menores conventuais, e não tardou distinguir-se pela inocência de vida, espírito de penitência e pobreza, ardor seráfico e zelo apostólico, a ponto de parecer um São Francisco redivivo.
Fez o noviciado no convento do Monte Santo Ângelo, no Gárgano, e aí emitiu os votos de consagração ao Senhor em 1699. Quatro anos depois, para completar a formação, foi enviado para o Sacro Convento de Assis, onde foi ordenado sacerdote em 1705.
Dali passou ao colégio de São Boaventura, onde recebeu o título de mestre de teologia – e por isso daí em diante os seus conterrâneos de Lucera começaram a chamar-lhe de o “Padre Mestre”. Voltando para Assis, dedicou-se à pregação pelas aldeias, até que pouco depois voltou definitivamente à sua terra natal.
A partir da cátedra, do púlpito ou do confessionário, o seu apostolado era sempre intenso e fecundo. Percorreu todas as terras da Apúlia e arredores, merecendo o epíteto de “apóstolo da sua terra”. Profundo em filosofia e não menos em teologia, começou por ser leitor e prefeito de estudos no Colégio de Filosofia de Lucera. Depois foi mestre de noviços e guardião do convento, e sempre modelo de observância regular para os confrades, sendo por isso nomeado em 1721, por especial Breve de Clemente XI, ministro da Província religiosa de Santo Ângelo, que nesse tempo era muito extensa. Escreveu diversas obras de pregação, entre elas um “Quaresmal” e um “Marial”. A sua principal preocupação ao falar ao povo era fazer-se entender por todos. Por isso a sua catequese, tipicamente franciscana, era especialmente dirigida ao povo simples, pelo qual ele sentia particular atração.
Outra característica sua foi uma inesgotável caridade para com os pobres. Entre as diversas iniciativas, promoveu o simpático costume de recolher e distribuir prendas úteis para os pobres por ocasião do Natal. Também foi notável o seu zelo sacerdotal na assistência a presos e condenados à morte, a quem acompanhava até o lugar do suplício, para os consolar nos derradeiros momentos. Neste admirável ministério da caridade antecipou-se a São José Cafasso. Mandou restaurar a bela igreja de São Francisco em Lucera, centro da sua incansável atividade sacerdotal durante 35 anos. Às pessoas de quem era diretor espiritual recomendava a devoção a Santíssima Virgem, em especial no privilégio da Imaculada Conceição.
Aos 61 anos de idade morreu onde nascera, em Lucera, a 29 de novembro de 1742, o primeiro dia da grande novena da Imaculada. O seu corpo é venerado na igreja de São Francisco.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

São Virgílio de Salzburgo, bispo


Foi um dos grandes missionários irlandeses do período medieval e um dos maiores viajantes da importante ilha católica, ao lado dos santos Columbano, Quiliano e Gallo.
Nasceu na primeira década do século VIII e foi batizado com o nome de Fergal, depois traduzido para o latim como Virgílio. Católico, na juventude voltou-se para a vida religiosa, tornou-se monge e, a seguir, abade do Mosteiro de Aghaboe, na Irlanda. Deixou a ilha em peregrinação evangelizadora em 743 e não mais voltou.
Morou algum tempo no reino dos francos, quando o rei era Pepino, o Breve, que lhe pedira para organizar um centro cultural. Mas problemas políticos surgiram na região da Baviera, agregada aos seus domínios. Lá, o duque era Odilon, que pediu a Pepino para enviar Virgílio para a Abadia de São Pedro de Salzburgo, atual Áustria. E logo depois Odilon nomeou Virgílio como bispo daquela diocese.
Ocorre que, na época, São Bonifácio, o chamado apóstolo da Alemanha, actuava como representante do papa na região, e caberia a ele essa indicação e não a Odilon. O que o desagradou não foi a escolha de Virgílio, mas o fato de ter sido feita por Odilon. Ambos nutriam entre si uma profunda divergência no campo doutrinal e Virgílio participava do mesmo entendimento de Odilon. Essa situação perdurou até a morte de são Bonifácio, quando, e só então, ele pôde ser consagrado bispo de Salzburgo.
Mas Virgílio era homem de fé fortalecida e de vasta cultura, dominava como poucos as ciências matemáticas, ganhando, mesmo, o apelido de “o Geometra” em seu tempo. Viveu oito séculos antes de Galileu e Copérnico e já sabia que a Terra era redonda, o que na ocasião e em princípio era uma heresia cristã. Foi para Roma para se justificar com o papa, deixou a ciência de lado e abraçou integralmente o seu apostolado a serviço do Reino de Deus como poucos bispos consagrados o fizeram. Revolucionou a diocese de Salzburgo com o seu testemunho e converteu aquele rebanho para a redenção de Cristo, aproveitando-se do interesse político do rei.
Em 755, um ano após a morte de São Bonifácio, Virgílio foi consagrado bispo de Salzburgo. Continuou evangelizando a Áustria de norte a sul, inclusive uma parte do norte da Hungria. Fundou e restaurou mosteiros e igrejas, com isso construiu o primeiro catálogo e crónica dos mosteiros beneditinos.
Morreu e foi sepultado na Abadia de Salzburgo, Áustria, em 27 de novembro de 784, em meio à forte comoção dos fiéis, que transformaram essa data a de sua tradicional festa. Séculos depois, suas relíquias foram trasladadas para a bela Catedral de Salzburgo. Em 1233, foi canonizado, e o dia de sua festa mantido. São Virgílio foi proclamado padroeiro de Salzburgo.

Santas Magnança e Máxima, virgens


S Germano, Bispo de Auxerre e Sta Magnança

     Eis uma legenda que remonta suas origens nas profundezas do patrimônio cultural da região de Yonne, França.
     É preciso, para situar os fatos no seu contexto, recuar até a primeira metade do século V. São Germano ia suceder Santo Amatre e se preparava para ser o sexto Bispo de Auxerre. Esta sucessão seguiu-se a um verdadeiro plebiscito da população. Germano, inicialmente reticente, acabou por aceitar tornar-se Bispo de Auxerre.
     Assim, durante os 30 anos que durou o seu episcopado, de 418 a 448, a popularidade de Germano não parou de crescer e sua renomada aumentar com a imagem de um homem justo e bom, preocupado no amparo aos mais necessitados. Também lhe atribuem numerosos milagres, ao longo das viagens que ele empreendia.
    Por isso, quando em 448 São Germano foi para a Itália, em Ravena, atuando como mediador do povo de Armorique (em revolta contra os funcionários romanos) junto ao Imperador Valentiniano, ele estava, pode-se dizer, no auge de sua reputação. E foi naquele momento que a doença o atingiu, levando à sua perda.
     Antes de sua morte, São Germano manifestou o desejo de que seu corpo fosse enviado ao seu país natal, Auxerre. Sua vontade foi atendida e cinco jovens, que haviam sido suas discípulas, foram designadas para acompanhar os “despojos embalsamados” de São Germano até a sua última morada: Magnança, Paládia, Camila, Pórcia e Máxima. Ao longo do caminho os peregrinos se revezavam para tornar bom o estado das estradas e das pontes, a fim de facilitar o avanço do cortejo fúnebre.
     Mas, o trajeto de Ravena à Auxerre é longo e a viagem punha à prova. Assim, a mais frágil das jovens, Magnança, após ter com toda boa vontade atravessado os Alpes, caiu enferma a alguns dias do término da viagem. Seu devotamento a São Germano lhe fora fatal e ela morreu a beira da estrada, suplicando a suas companheiras que a sepultassem ali onde ela se encontrava e que continuassem a viagem para Auxerre. Isto ocorreu em novembro de 448.
     Durante um século e meio não mais se ouviu falar de Magnança; o lugar onde seu corpo havia sido sepultado se tornara desconhecido, embora os eruditos o situassem nos arredores da aldeia de Saint-Pierre-sous-Cordois.
     A legenda conta que no século VII um peregrino à procura de um lugar para dormir se deitou no mesmo local onde Magnança fora sepultada, tendo como travesseiro o esqueleto da cabeça de um cavalo. À noite, ele teve um sonho em que uma serpente saia da cabeça do cavalo e tentava se introduzir em sua boca. Ele acordou em pânico e teve então a visão de duas jovens que se apresentaram como Magnança e Paládia e o tranquilizaram dizendo que a serpente havia fugido e que elas o haviam acordado para salvar sua vida.
     Ao amanhecer, o homem foi para a aldeia próxima, Saint-Pierre-sous-Cordois, e contou sua história. Acreditou-se no milagre, e após terem cavado no local indicado pelo peregrino, o esqueleto de uma mulher foi encontrado e o transportaram para a aldeia. Foi assim que aquela aldeia tomou o nome de Santa Magnança.
     Mais tarde, por volta do século XV, um túmulo foi construído para acolher Santa Magnança.
      O pouco que se sabe sobre as duas virgens Magnança e Máxima vem de duas fontes: uma “Vida” anônima do século XII e o "Miracula Sancti Germani" de Henry de Auxerre.
     Segundo Henry, das discípulas de São Germano que seguiam com carinho e orações o trajeto de seu corpo, três morreram durante a longa viagem e seus túmulos foram construídos em várias igrejas. Henry relata que em seu tempo (976) multidões de peregrinos chegavam a Auxerre durante todo o ano.
     Para confirmar isto, existe na Borgonha a cidade de Santa Paládia (Vermenton) e Santa Magnança. Os monges de Moutier-Saint-Jean ajudaram na divulgação do culto de Santa Magnança.
     O belo túmulo da virgem Magnança, que até hoje está preservado, data do século XII e seus artísticos baixos-relevos representando cenas da legenda felizmente escaparam da destruição das relíquias pelos calvinistas e pelos adeptos da Revolução Francesa.
     Em 1823 e 1842 foram realizados dois reconhecimentos canônicos das relíquias. Santa Magnança vem sendo invocada especialmente para as crianças em perigo de morte. A sua festa na Diocese de Sens é no dia 26 de novembro.
     As relíquias de Santa Máxima foram preservadas no Mosteiro de Auxerre até 1567, quando foram destruídas pelos calvinistas. Por ambas - Magnança e Máxima - terem aparecido para salvar o peregrino, juntas elas são lembradas em tantos lugares na França.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Beato Agostinho Pró, "O Mártir do México"



Miguel Agostinho Pró Juárez, mexicano, nasceu em Guadalupe em 1891. Filho de família piedosa, ingressou na Companhia em 1911, em período de conflitos políticos e movimentos contra a Igreja.
A feroz perseguição do governo mexicano desterrou-o junto com todo o Noviciado, os jesuítas foram expulsos do país. Teve sua formação feita no exílio. Viveu nos EUA, Espanha, Nicarágua e Bélgica.
Distinguia-se entre seus irmãos por sua alegria e animação constantes, sua simplicidade, o contato com os operários e seus freqüentes problemas de saúde. Ordenado depois da sua cura milagrosa em Lourdes, retornou ao México em 1926.
Disfarçado, corajoso, incansável, perseguido por toda a polícia do México, realizou seu apostolado em meio à proibição do culto religioso e sob perseguição cerrada. Aprisionado sob falsas acusações, foi fuzilado com seus irmãos sob os gritos de «Viva Cristo Rei». Foi beatificado em Roma, por João Paulo II, em 1988.
A cruz é, para nós, amor, amor ardente, amor constante, loucura de amor.

Santa Catarina de Alexandria, virgem e mártir





Nascimento 287 em Alexandria, Egito
Falecimento 305 em Alexandria, Egito

Principal templo Mosteiro Ortodoxo de Santa Catarina, no Monte Sinai, Egito
Festa litúrgica 25 de Novembro
Atribuições roda, espada, uma coroa aos seu pés, véu e anel, pomba, flagelo, livro, mulher argumentando com filósofos pagãos.
Padroeira Apologética, artesãos que trabalham com uma roda (ceramistas, fiação etc.), arquivistas, pessoas morrendo, educadores, jovens, juristas, advogados, bibliotecários, bibliotecas, do Balliol College em Oxford, trituradores, enfermeiros, filósofos, pregadores, acadêmicos, estudantes, escribas, secretários, taquigrafia, estudantes, professores, teólogos, Universidade de Paris, jovens solteiros.
Catarina de Alexandria (nome provavelmente derivado de Hécata, erroneamente muitos o fazem derivar de katharós, ou seja, “pura”) nasceu em Alexandria, no Egito, por volta do ano 287 d.C. Uma das santas mais populares da Igreja Católica e venerada como megalomártir pela Igreja Ortodoxa, era conhecida por sua sabedoria. Por seu exemplo heróico tornou-se epônimo de grandes santas como Catarina de Sena e grandes personagens históricas como Catarina, a Grande. De família nobre (da Selêucida) e princesa por posição, era uma moça extremamente bela e culta que gostava de estudar filosofia, principalmente Platão, o que, para uma mulher naquela época, era extremamente raro.
A história de Catarina de Alexandria é composta basicamente por lendas, com diferentes versões, que variam de acordo com a cultura local. Uma das versões mais populares conta que Catarina, filha do Rei Costus, governador de Alexandria, declarou aos seus pais que só se casaria com alguém que a superasse em reputação, saúde, beleza e sabedoria. Sua mãe, Saninela, que era secretamente cristã, enviou-a para um eremita de nome Ananias, que lhe disse que conhecia um jovem que a superava em todas as suas virtudes: “A beleza Dele é mais radiante do que o brilho do sol, a sabedoria Dele governa a criação e Suas riquezas se espalham pelo mundo.”
Em uma visão, Catarina foi transportada para o céu, encontrou-se com o menino Jesus e a Virgem Maria e, em êxtase, casou-se misticamente com Cristo, convertendo-se ao cristianismo. Ela tinha, na época, 18 anos de idade.
Foi, então, à presença do imperador romano Maximino, que perseguia violentamente os cristãos, censurando-o por sua crueldade. Apontou a limitação do imperador, por crer em falsos deuses, e afirmou que seu Deus era o único realmente vivo e o seu Rei era Jesus Cristo. O imperador mandou prendê-la no cárcere, até que viessem os 50 maiores sábios do mundo, e a humilhassem quanto à sua argumentação aparentemente simples.
Quando chegaram, os sábios riram-se do imperador, por tê-los convocado para contra-argumentar com uma simples garota. Porém o imperador os advertiu que, se conseguissem convencê-la, ele os presentearia com os melhores bens do mundo, mas se não conseguissem, ele os condenaria à morte. Catarina foi tão plenamente sábia nas suas colocações e argumentos que mesmo diante desta ameaça, os sábios não conseguiram convertê-la aos ídolos. Pelo contrário, vencidos pela eloqüência de Catarina, converteram-se ao cristianismo. Frustrado, o imperador mandou prender e torturar Catarina na masmorra. Visitada na prisão pela esposa do imperador e pelo chefe de sua guarda, Catarina os converteu, fazendo o mesmo com inúmeros soldados. 
Mais enfurecido ainda, o imperador mandou assassinar os sábios e sua esposa, lançou os guardas aos leões no Coliseu e condenou a Santa à morte lenta na "roda com lâminas", instrumento de tortura que mutilava e causava grande sofrimento. Dizem os relatos que a roda explodiu, ou pelo toque de Catarina ou pela intervenção dos anjos. Ao determinar sua execução, apareceu-lhe o Arcanjo Miguel para confortá-la e Catarina rezou a Cristo suplicando que "em nome do seu martírio Deus ouvisse as orações de todos aqueles que a ela recorressem e tudo obtivessem por sua intercessão". Por fim, Catarina de Alexandria morreu decapitada e conta a lenda que, ao invés de sangue, saiu leite dos ferimentos e, por isso, as mães que amamentam recorrem também à sua intercessão.
A lenda diz ainda que o corpo de Catarina desapareceu milagrosamente, sendo transportado por anjos para o topo de Jebel Katerina, o pico mais alto da península do Sinai. Três séculos mais tarde, o seu corpo, supostamente incorrupto, foi encontrado por monges e levado para o Mosteiro da Transfiguração, onde algumas das suas relíquias e o seu nome ficaram até hoje.
Histórias narram que foi ouvindo a voz de Santa Catarina que Joana d'Arc encontrou a espada que usaria em sua missão e mudaria a história da França. Junto de Santa Margarida e do Arcanjo São Miguel, era uma das vozes que falavam com ela e a instruíram na sua missão de salvar a França.
Santa Catarina é considerada padroeira dos estudantes, filósofos e professores, e também é invocada pelos que trabalham com rodas, e também contra acidentes de trabalho. No Brasil, é a padroeira principal do Estado e da Ilha de Santa Catarina e co-padroeira da Catedral metropolitana de Florianópolis.
Historiadores e pesquisadores de tendência positivista acreditam que Catarina possa não ter existido de fato. Para eles a ausência de documentos históricos e o aspecto lendário de sua vida levam a crer que ela representa um ideal, talvez a versão cristã da filósofa Hipátia de Alexandria, cuja biografia apresenta exatamente os mesmos elementos da lenda de Catarina.
Em 1969, a Igreja Católica eliminou do Calendário Litúrgico Universal a celebração do dia 25 de novembro, em memória de seu martírio, em função da falta de evidências históricas de sua existência. Essa retirada foi mal interpretada como uma cassação, pois Santa Catarina de Alexandria continua a ser legitimamente venerada nos calendários particulares das dioceses e paróquias. 
As razões da atual revisão histórica são: 
a) a descoberta de afrescos dos séculos VIII e IX, em Roma e Nápoles, com a identificação de seu nome Ekaterina; 
b) diante dessa descoberta, hoje não é mais possível afirmar que seu culto começou apenas à época dos cruzados; 
c) devemos salientar o princípio de que não é o documento que está na origem do culto e que não parece científico negar sua historicidade a partir do argumento de escassez documentária; 
d) devemos também frisar a distinção hermenêutica entre o núcleo histórico e legendário nas narrativas; 
e) por, fim, é mister refletir que, entre as mártires de historicidade comprovada na perseguição de Maximino, a Tradição cristã, por circunstâncias não bem esclarecidas, pouco a pouco passou a proferir o nome Catarina.