sábado, 7 de dezembro de 2013

Santa Sabina e irmãs, mártires de Caestre


      Santa Sabina é venerada juntamente com suas duas irmãs, Elfrida e Edith.
     O ano de 851 parece marcar o desenvolvimento da cidade de Caestre (norte da França), progresso que coincide com uma legenda: A Legenda das 3 Virgens.
     Três jovens piedosas, filhas do Rei Kenulf, que reinava em Wessex (Inglaterra), tinham feito voto de fazer uma peregrinação aos túmulos dos Apóstolos São Pedro e São Paulo.
     Para realizar tal projeto, elas deixaram o seu reino e atravessaram a Mancha; aproximaram-se do porto de Mardyck e em seguida tomaram a via romana, já então chamada Steenstraete (a estrada de pedra) que ia para Arras, passando por Cassel e a ponte de Estaires.
     A história conta que, tendo chegado a um bosque, em um lugar onde atualmente está localizada a cidade de Caestre, elas foram selvagemente assassinadas por malfeitores.
     Naquele mesmo momento, não longe dali, um cavaleiro cego, o Senhor de Strazeele, viu a Virgem Santíssima numa aparição. Ela o aconselhou a se dirigir ao local do crime e de esfregar seus olhos com o sangue das mártires a fim de recobrar a visão.
     O cavaleiro seguiu o conselho da Virgem, recuperou a visão e em agradecimento mandou construir uma capela no local da morte das virgens. Este local tornou-se um lugar venerável e desde o século IX uma peregrinação anual era organizada em honra de Nossa Senhora das Graças.
     Em 1560, o mausoléu das 3 virgens mártires foi destruído pelos huguenotes; a capela, ela mesma, sofreu o assalto dos homens e do tempo e foi reconstruída uma primeira vez sobre os alicerces do edifício antigo, restaurado depois em 1851.
     Atualmente é possível visitar a capela e contemplar os seis quadros que contam a história das três virgens.
     A Capela das Três Virgens e as formas de devoção popular atravessaram os séculos e são a memória da aldeia de Caestre e de seus habitantes.
     Tente um instante imaginar a vida em Caestre na época de Carlos Magno no tempo da construção da capela. A comunidade devia ser então muito modesta e o pequeno cemitério que a cercava, e que desapareceu somente no século XVIII, devia poder acolher os mortos da aldeia.
     Imaginemos também Caestre como um local de peregrinação muito frequentado após onze milagres terem sido constatados.
     Pensemos no medo dos aldeões quando no século XVI destruíram o mausoléu das 3 virgens e o patrimônio da capela, ou ainda um século mais tarde os habitantes de Caestre tiveram que fugir dos inimigos franceses que saquearam várias vezes a capela e a aldeia.
     Pouco mais de um século mais tarde, com a Revolução Francesa, os ornamentos e a prataria foram confiscados e, alguns anos depois, a capela foi pilhada pelos revolucionários. Em 1794, ela foi interditada e utilizada como hospital militar e estrebaria.
     Em 1790, o pároco de Caestre, Witsoet, escreveu uma peça de teatro: "De Drie Maegden", As Três Virgens, para a câmara de retórica local. Mas, pouco tempo depois, no livro de contas da paróquia escrito em um excelente neerlandês, ele descreveu suas angústias e sua batalha contra aqueles que em nome da liberdade, igualdade e fraternidade queriam roubar seus bens e o ameaçavam de morte. Ele foi aprisionado algum tempo depois e morreu nas prisões revolucionárias.
     Depois daqueles tempos tumultuados a capela foi restabelecida ao culto. E o ommegang (festividade folclórica) recobrou seu esplendor de outrora no século XIX. Mas os habitantes de Caestre tiveram que aceitar novamente que um bispo muito zeloso banisse do ommegang vários personagens, a justo título, como sendo muito pagãos.
 

Capela das 3 Virgens, Caëstre, França (foto antiga)