Mas, trabalhar para a família não era o suficiente para Benedita. O que ela mais queria era trabalhar para o próximo. Desde cedo compreendeu que era preciso haver, ao lado de um apostolado religioso, uma assistência material para aqueles que se encontravam na ignorância e na pobreza.
Estudiosa, cheia de caridade para com os necessitados, devota do Crucificado e da Santíssima Virgem, inscreveu-se muito jovem na Ordem Terceira de São Francisco (provavelmente antes de 1830). E com ardor ela procurou cuidar e instruir os jovens dos bairros populares.
Tentou inscrever-se numa instituição de caridade, mas a falta do dote financeiro suficiente a impediu de concretizar o sonho. Nesse tempo, perdeu o pai e uma irmã, tendo de prover a família durante um período.
Aos dezenove anos, empregou-se por sete anos (1830-1837) na residência da família Monteone, casal sem filhos, para dar assistência ao chefe da família imobilizado na cama. Fez um trabalho tão dedicado e confortador, que ao morrer o doente a viúva quis adotar Benedita como filha, com a perspectiva desta herdar todo o patrimônio da família.
A oferta foi recusada, porque a condição para adoção era ela não se tornar religiosa. Sua recusa foi criticada por alguns, mas, como ela escreveria mais tarde: "Se não somos generosos com Deus, Ele não será conosco. Não se responde ao amor senão com o amor".
Ela recebeu de fato o prêmio da sua generosidade e do seu amor quando, em 1837, o Bispo de Savona, Mons. Agostino De Mari (1835-1840), aceitou que a ex-doméstica se ocupasse da juventude feminina negligenciada materialmente e moralmente em perigo.
Uma casa modesta e alugada serviu de semente para o que seria uma grande obra, desde logo dirigida por Benedita, com apenas três companheiras, Ângela e Domingas Pescio e Paulina Barla.
No dia 22 de outubro de 1837, aconteceu a primeira vestição e o Bispo impôs-lhe o nome de Maria Josefa. Animadas por Maria Josefa, formou-se assim uma pequena Congregação colocada sob a proteção de Nossa Senhora da Misericórdia, de quem se disseram filhas e, como Ela, deveriam ser instrumentos de salvação.
A missão da nova instituição: a instrução e educação das jovens pobres e a assistência aos doentes. Além disso, deveriam prestar serviço nas escolas e nas paróquias, nos hospitais e onde quer que fossem necessárias.
Ângela Pescio, a mais velha, foi eleita superiora, Benedita era a mestra de noviças e ecônoma. A Congregação das Filhas de Nossa Senhora da Misericórdia começou "com quatro irmãs, um saco de batatas e quatro moedas de prata".
Dois anos depois, em 2 de agosto de 1839, as Irmãs pronunciaram os votos perpétuos. Em 1840 eram já sete Irmãs professas e quatro noviças; durante o capítulo do mesmo ano, Irmã Maria Josefa foi eleita superiora por unanimidade, cargo que ocupou por cerca de quarenta anos.
À Madre Maria Josefa era confiada grande parte dos trabalhos materiais. “A mão no trabalho, o coração em Deus”, ela recomendava às outras Irmãs. E quando a tarefa parecia muito espinhosa: “Faça o que puderes; Deus fará o resto”.
A redação do regulamento definitivo foi confiada ao Padre Inocêncio Rosciano, carmelita, e solenemente entregue às Irmãs em 14 de fevereiro de 1846 pelo novo Bispo de Savona, Mons. Alessandro Ottaviano Riccardi (1841-1866).
Sob a direção de Madre Maria Josefa o Instituto iniciou sua expansão na Ligúria, no período 1842-1855. Em 1856, começa a contribuir com a obra de resgate dos escravos africanos, a qual se dedicavam dois beneméritos sacerdotes, Nicolau Olivieri e Biagio Verri. O Instituto hospedava crianças negras libertadas de uma aviltante escravidão.
O espírito missionário da Fundadora se manifestou ainda mais em 1876: conseguiu enviar o primeiro grupo de 15 Irmãs para Buenos Aires, Argentina. Em 1859, uma nova fundação, a “Casa da Providência” foi iniciada por Madre Maria Josefa, para a re-educação e inserção na vida de jovens das classes pobres. Outros centros análogos foram abertos em Voltri, Sant’ Ilario, Porto Mauricio (1860) e em Albissola, onde surge a “Segunda Providência” (1866-1867).
Dez anos depois, em 1869, Madre Maria Josefa empreendeu uma outra obra corajosa: o “Pequeno Seminário para os rapazes da classe operária”, permitindo-lhes a carreira eclesiástica gratuitamente. Esta obra lhe custou não poucas amarguras pelos obstáculos colocados contra esta instituição.
A última iniciativa, sonhada e realizada postumamente, foi a constituição em Savona da “Casa das Arrependidas” (1880), um refúgio para as jovens arrependidas, e em vias de conversão, afastadas da prostituição.
“Se a obra que empreendemos é de Deus, chegaremos a cumpri-la”, dizia Madre Rossello, sem jamais esmorecer.
A fundadora morreu em 7 de dezembro de 1880, e foi sepultada no cemitério local. Em 1887, seu corpo foi transladado para a casa mãe em Savona.
Quando Madre Maria Josefa faleceu, o Instituto possuía já 68 casas (escolas, orfanatos, hospitais e refúgios para jovens arrependidas); e em 1949, quando foi canonizada, as Irmãs de Na. Sra. da Misericórdia eram mais de três mil, servindo em 260 casas de caridade na Itália e na América Latina.
No dia 23 de janeiro de 1892, com um decreto episcopal, São José foi oficialmente reconhecido co-patrono do Instituto. Com o Decreto de 14 de setembro de 1900, Leão XIII reconheceu a missão que o Instituto desenvolvia na Igreja. Em 12 de janeiro de 1904, São Pio X aprovou definitivamente o Instituto e as Constituições. Em 12 de junho de 1949, Pio XII declarou-a Santa.
José Mazzotti, conhecido como Bepi, foi o promotor do pedido de que Santa Maria Josefa Rossello se tornasse patrona dos ceramistas. O pedido foi aceito pela Congregação Pró Culto Divino com a bula de 27 de fevereiro de 1989.
Ela, que dedicou toda sua vida aos doentes e às crianças, mesmo quando ainda não era religiosa, nasceu Benedita e bendita foi sua dedicação à caridade. É venerada com festa litúrgica no dia de sua morte. As suas relíquias são veneradas na capela da casa mãe das Filhas de Nossa Senhora da Misericórdia em Savona.