Todos são unânimes em afirmar que em toda a história da Igreja não houve figura mais simpática e edificante que a do franciscano João de Montecorvino, primeiro arcebispo de Pequim e primaz de todo o Oriente. Montecorvino era a sua terra natal, perto de Salerno, não longe de Nápoles, na Itália meridional.
Em 1289 foi enviado pelo papa Nicolau IV como núncio entre os tártaros. Partiu da Táuria, a capital do império mongol na Pérsia, em 1291, e após 13 meses de viagem através da Pérsia e da Índia, onde fez o funeral do seu companheiro de missão, o dominicano Frei Nicolau de Pistóia, chegava a Pequim por volta de 1293.
Dez anos mais tarde veio-lhe juntar Frei Arnoldo, outro franciscano da província alemã de Colônia. Numa carta datada de 8 de janeiro de 1305, com simplicidade evangélica descreve como 13 anos antes, através da Pérsia e da Índia, tinha chegado à China e entregado uma carta do papa ao imperador. Com santa liberdade atreveu-se a convidar o poderoso monarca a fazer-se cristão. Embora não chegasse tão longe, o imperador mostrou-se tolerante a respeito da religião, e deu a frei João a liberdade para pregar o Evangelho.
A primeira grande consolação do legado papal foi a conversão dum rei nestoriano, Jorge, parente próximo do imperador. Os nestorianos, que em Pequim eram muitos e poderosos, juraram vingar-se de João e do rei Jorge, mas saiu-lhes o tiro pela culatra, pois muitos seguiram o exemplo do seu rei.
Frei João de Montecorvino trabalhou sozinho durante mais de 10 anos, sem receber qualquer notícia nem dos seus confrades e nem de ninguém da Europa. Durante esse período, só na cidade de Pequim batizou cerca de 6.000 pessoas, e muitas mais teria batizado se não tivesse sido vítima duma infame guerra de calúnias por parte dos nestorianos, decidido a arruiná-lo a ele e à sua obra. Durante a longa permanência em Pequim teve a alegria de acolher e abraçar o Beato Odorico de Pordenone, que lhe levou a notícias da Itália.
O papa, ao ter notícia dos maravilhosos frutos do apostolado de João e da premente necessidade de trabalhadores evangélicos na China e por sua vez consagrariam como seu metropolita o nosso grande missionário, elevado à dignidade de primeiro arcebispo de Pequim. Foi enorme a alegria do bom missionário ao abraçar de novo, depois de tantos anos, três confrades seus, receber notícias da Igreja e da Ordem, e tornar a ouvir a língua da sua pátria.
Com três bispos sufragâneos, aos quais passado um ano se juntaram outros três, o heroico arcebispo viu multiplicadas as conversões. Só o fundador já tinha batizado mais de 50.000. Metropolita sucumbiu gloriosamente no campo de trabalho, em 1328, com a idade de 81 anos, depois de mais de 50 de apostolado, de batalhas e de triunfos, que fizeram dele um dos mais famosos apóstolos da China.