Paulo VI, quando os ministros da ordem franciscana lhe pediram diretrizes para o trabalho apostólico no século XX, respondeu-lhes: “O padre Lino de Parma é da vossa ordem... Sigam o seu exemplo”. Com estas palavras o papa reconhecia implicitamente a heroicidade das virtudes o Padre Lino de Parma. Os habitantes dessa cidade jamais esquecerão aquele humilde frade de pés inchados e costas corcovadas. Embora não tivesse nascido em Parma, talvez ninguém conhecesse melhor do que ele o espírito dos parmesãos. Entrava em todas as casas e de todos recebia confidências. Sem ser erudito, gozava da estima dos eruditos. Era pobre, mas os ricos convidavam-no às suas casas, onde ele consegui recursos para auxiliar os pobres. Para os desgraçados era um irmão, e para os desesperados uma esperança. O que o distinguia de todos os outros era a caridade, uma caridade sempre serena e festiva, que fez dele profeta e precursor de tempos novos.
O padre Lino viveu 57 anos, de 30 de agosto de 1866 a 14 de maio de 1924. De seu pai, oriundo da Dalmácia, herdara a nobreza da linhagem; e da mãe, italiana, a bondade e a gentileza de trato. A vontade do pai era que o filho fosse advogado, mas ele optou pela vida religiosa franciscana.
Gentileza e bondade foram as características tanto do trato como o apostolado do Padre Lino, um apostolado que exerceu ininterruptamente na sua cidade natal durante 30 anos. A sua primeira experiência foi a Parma antiga, além-rio, com seus velhos bairros apinhados de gente pobre e turbulenta, de ruelas estreitas e mal pavimentadas, cheias de crianças enfezadas e andrajosas, com casas pobres, privadas de sol e atulhadas de famílias; com tugúrios a servir de refúgio e esconderijo de pessoas suspeitas e procuradas pela polícia; com hospedarias de má fama, cheias de gente que gosta de vinho e de brigas – foi esse o primeiro campo da apostolado, difícil mas cheio de satisfações, onde trabalhou o Padre Lino.
O convento da Anunciata era o centro donde irradiava toda a sua atividade de assistência social, preparada com intensa e fervorosa oração. Tinha gosto em cavaquear com os mais pobres, que se aproximavam dele por verem nele um amigo, um autêntico pai. Aqueles tempos não eram nada calmos, mas no meio da tempestade ele sempre se mostrou como autêntico mensageiro de paz e de concórdia. E tinha Parma nas mãos. Uma sua rotina diária era a visita a prisões: ia para o meio dos revoltados procurando levar-lhes a paz; e para o meio dos que estavam em regime correcional, a quem chamava “meus valentes filhinhos”.
O florilégio dos episódios que enfeitam o seu apostolado é um variado e interessantíssimo retrato da sua alma. O Padre Lino morreu mártir da caridade, rechaçado por uma fábrica de massas alimentícias que se recusou a acolher um seu protegido. Foi o selo apropriado a uma vida toda feita de amor para com Deus e para com os irmãos.