quarta-feira, 15 de junho de 2011

A ternura de Deus

         

          Quando contemplamos a belíssima criação do autor da vida, podemos perceber toda a sua ternura para com cada uma e todas as suas criaturas. Já no livro de Daniel, o autor sagrado enumera todas as obras do Altíssimo e convida a bendizer o nome de Deus, a louvá-Lo e adorá-Lo (Dn 3,52-90).
              Mas, o que mais ainda podemos dizer da ternura de Deus? Quando vislumbramos a sua obra prima, o ser humano, homem e mulher (Gn 1,27), com certeza temos condições de, ao mesmo tempo admirar e exaltar tal belíssima criação. Com muita alegria podemos repetir junto com o salmista: "Ó Senhor, nosso Deus, como é glorioso vosso nome por toda a terra!" (Sl 8,1) e, com toda a propriedade exalta a beleza da criação do ser humano: "Que é o homem, digo-me então, para pensardes nele? Que são os filhos de Adão, para que vos ocupeis com eles?" (Sl 8,5).
           Com maior alegria ainda somos impulsionados a perceber toda a sua ternura que ao nos criar, nos fez à sua imagem e semelhança (Gn 1,26). Ó ternura de Deus capaz de nos modelar de tal forma que no seu Filho Amado somos divinizados! Ó ternura tão bela  e preciosa, que nos resgata com a morte do Unigênito para que não nos perdermos eternamente! Ó ternura tão doce e suave que nos faz dignos e nos ajuda a entrarmos em vossa santa vontade: sermos de fato seus filhos amados!
            A ternura de Deus abraça toda criatura e nos envolve com tamanha intensidade que, impelidos pelo seu espírito, podemos clamar: "Abbá, ó Pai"(Rm 8,15). Esse amor que liberta com que somos amados na ternura de Deus, nos convida a sermos arautos dessa mesma ternura indo ao encontro de nossos irmãos.
            Conseguimos perceber que esse amor deve ser amado, como cantava o pobre de Assis: "O amor não é amado!". Quando se é tocado, acariciado por Deus, cessam-se as palavras e falam os gestos de amor e de bondade. Cada criatura passa a revelar esse amor infinito que supera, até mesmo, as nossas debilidades.
            A ternura de Deus fala ao nosso coração (Os 2,16) e faz reclinar no coração de Deus revelado em Deus feito homem, como o discípulo amado (Jo 13,23) para que a ternura experienciada e vivenciada conduza à uma íntima e profunda aliança. A ternura de Deus, então, se revela a nós em seu doce olhar, como aquele olhar que penetrou a alma de São Pedro (Lc 22,61). É uma ternura que nos renova por inteiros e que nos cura e leva-nos a chorar os nossos pecados (Lc 22,62).
             Que a cada dia educados na escola do Divino Mestre sejamos portadores dessa ternura de Deus, para que, de peregrinos, passemos à realidade de discípulos do amor que nos foi anunciado e ordenado pelo Senhor a viver (Jo 15,17).