domingo, 26 de junho de 2011

São Cirilo de Alexandria, bispo e doutor da Igreja

           
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              Padre e doutor da Igreja (titulo conferido por Leão XIII); brilhante orador, polemista de classe e límpido teólogo da Encarnação, nascido em 374 Cirilo foi sobretudo um bom pastor para seu rebanho, vigilante e atento para mantê-lo imune ao contágio de erros que estavam sendo espalhados por Nestório, bispo de Constantinopla.
            Ignorando o patrimônio teológico do Ocidente, Nestório havia elaborado uma interpretação pessoal da divindade de Cristo e, como reflexo, da maternidade divina de Maria, que rompia a unidade de Cristo, colocando nele dois sujeitos, um humano e outro divino, unidos só acidentalmente. Em virtude desse dualismo, pareceram resolvidas muitas dificuldades sobre  e a paixão e morte do Redentor. Como conseqüência, Maria vinha desclassificada para o papel de mãe de Cristo homem, não mais mãe de Cristo Deus. Como já seu predecessor Atanásio, Cirilo lançou-se em defesa da ortodoxia, experimentando a humilhação do cárcere. "Pela fé de Cristo", escreveu ele, "estamos prontos a sofrer tudo: as cadeias, o cárcere, todos os incômodos da vida e a própria morte". 
              O Concílio de Éfeso,de 431, ponta-de-lança da teologia da Encarnação e da Mariologia, condenou as teses de Nestório, que são Cirilo tinha já denunciado ao papa Celestino I, fazendo própria a doutrina do bispo de Alexandria do Egito: "O Emanuel consta com certeza de duas naturezas: a divina e a humana. Todavia, o Senhor Jesus é uno, único verdadeiro filho natural de Deus, ao mesmo tempo Deus e homem; não um homem deificado, semelhante àqueles que pela graça são participantes da natureza divina, mas Deus verdadeiro que, pela nossa salvação, apareceu na forma humana".
              Suas homilias,pronunciadas durante o concílio, em particular o Sermo in laudem Deiparae [Sermão em louvor da Mãe de Deus], deram princípio ao rico florescimento de estudos e devoção mariana que se propagou do Oriente ao Ocidente, graças à fértil pena desse doutor da Igreja, venerado como mestre não pelos católicos, mas também pelas Igrejas copta, síria e etíope. Morreu em 444.




Reflexões:  Pelo Papa Bento XVI - Audiência Geral das Quartas-feiras em 03/10/2007 
 
            Cirilo, conhecido na Igreja antiga como "custódio da exatidão, quer dizer, da verdadeira fé", quis demonstrar sempre "a continuidade da teologia própria com a tradição da Igreja como garantia da continuidade com os apóstolos e  com o próprio Cristo". Eleito bispo de Alexandria em 412, governou durante trinta anos essa sede e combateu a  pregação de Nestório, bispo de Constantinopla, que separando em  Cristo a  natureza humana da divina invocação a Maria "Mãe de Cristo" e  não "Mãe de Deus".  Segundo a cristologia antioquina de Nestório, "para salvaguardar a  importância da humanidade de Cristo se acabava por afirmar a divisão da divindade e assim já não era verdadeira a união entre Deus e homem no Cristo".
            Cirilo rebateu imediatamente esta tese reafirmando "o dever dos pastores de  preservar a fé do Povo de Deus". Este critério, "é sempre válido" já que "a fé do povo de Deus é expressão da tradição da Igreja".  Por isso, Cirilo recorda a Nestório que "se deve apresentar ao povo o ensinamento da fé de forma irrepreensível e  recordar que quem escandaliza a  um só dos mais pequenos que crê em Cristo,  sofrerá um castigo intolerável".
             O Santo define sua fé cristológica quando afirma: "São diversas as  naturezas  que se uniram a  uma verdadeira unidade,  porém,  de  ambas resultou um só Cristo e Filho,  não porque a  causa da  unidade se tenha eliminado a diferença das natureza humana e divina, mas porque a humanidade e divindade reunidas de forma inexpressiva (...) produzem ao único Senhor, Cristo,  Filho de Deus".  
            "Cirilo nos ensina sobretudo,  que a fé cristã é antes de tudo um encontro com Jesus, uma pessoa que dá à vida um novo horizonte. De Jesus Cristo,  Verbo de Deus encarnado, São Cirilo foi um incansável e firme testemunho,  sublinhando sobretudo sua unidade:  Um só é o Filho, um só é o Senhor Jesus Cristo, tanto antes como depois da encarnação. (...) Nós cremos que Aquele que existia antes dos tempos, nasceu segundo a carne de uma Mulher (...) e segundo suas promessas, estará sempre conosco".  
            "Isto é importante,  Deus é eterno, nasceu de uma Mulher e  permanece conosco todos os dias. Vivemos com esta confiança e nela encontramos o caminho de nossa vida".