sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Santo Alberto de Castro Gualteri, bispo e mártir

           


           Alberto nasceu de uma família nobre, em Castro-di-Gualteri, na Diocese deParma, cerca do ano 1150.
           Tendo sido destinado desde a infância às letras, fez grandes progressos nas artes liberais e no estudo das leis; mas não foram menores os que fazia na piedade. Ainda jovem, entrou no Mosteiro de Santa Cruz de Mortara, sede de uma Congregação de Canônicos Regulares, onde se instruiu na Lei de Deus. Apenas feita a sua profissão,  foi eleito Prior da Comunidade no ano de 1181.
            Três anos depois, foi escolhido para ocupar a Sé Episcopal de Borbbio, mas sua modéstia  o fez imaginar mil dificuldades, que deviam servir para prolongar a resistência, que opunha à sua eleição. Durante este tempo vem a vagar a Sé de Verceil e, como ele não se consagrou Bispo de Babbio, foi obrigado a aceitar a Sé de Verceil. Governou esta Diocese durante 20 anos, com uma vigilância e capacidade extraordinárias.
            Ensinou ao povo, tanto pelos exemplos  de sua vida, como pelos seus discursos; reformou os costumes de seu clero e dos seus diocesanos. Muitos tinham vergonha de permanecer na desordem, vendo o seu Pastor tão humilde, tão moderado, tão casto, tão austero consigo mesmo, tão caritativo, tão liberal, tão compadecido com todos, particularmente com os mais pobres, tão exato nos ofícios divinos, tão aplicado à pregação.
            Bem  que sua solicitude principal fosse o bem espiritual de seu Bispado, não deixou de trabalhar no procurar para ele diversos proveitos temporais. Resgatou-o de suas dívidas, que foram grandes e muito pesadas; aumentou-lhe os rendimentos; ornou-o de novos edifícios; defendeu-o e afirmou seus direitos; e como ele era não menos hábil jurisconsulto e canonista que bom teólogo, não perseguia coisa alguma, cuja justiça não conhecesse perfeitamente; e suas pretensões foram sempre coroadas de sucesso.
            Tendo falecido, no princípio do ano de 1203, o Patriarca de Mônaco, florentino de nascimento, homem sábio e virtuoso, anteriormente  Arcebispo de Cesaréa, o Cardeal Soffredo, que acabava de chegar à Palestina, como Delegado Apostólico, foi eleito Patriarca de Jerusalém pelo clero e o povo, com consentimento de El-Rei e a aprovação dos Bispos sufragâneos.
            Mandaram delegados à Roma para obter a sua confirmação do Papa Inocêncio III com o Pálio. O Papa tendo deliberado, mandou que persuadissem  ao Cardeal aceitar o cargo, se fosse possível, mas que não o obrigassem à força. Ele mesmo o convidou por carta, a não recusar o governo de uma Igreja onde o Senhor Nosso mesmo tanto tinha sofrido. O Cardeal, que antes tinha recusado, aceitou-o pelas instancias  do Papa; e existe uma carta do  Cardeal que se intitula: o humilde Patriarca de Jerusalém e delegado indigno da Sé Apostólica; mas ele resignou pouco depois e obteve que se fizesse uma nova eleição.
            Todos deliberaram então eleger Santo Alberto, Bispo de Verceil para o levarem consigo da Europa, foram mandados delegados, cujo superior foi Raimerio, florentino de nascimento, que tinha sido Prior do Santo Sepulcro e atualmente o era em Joppe. Ele obteve o consentimento do Papa, com uma carta para Alberto, de 18 de fevereiro de 1204 em que diz entre outras coisas: “O Prior e os Canônicos do Santo Sepulcro compareceram à nossa presença e nos representaram, que nosso bem-amado irmão Soffredo, não podendo ser persuadido de consentir na sua eleição, se reuniram e vos elegeram Patriarca”.
           Bem-Aventurado Alberto aquiesceu humildemente às instâncias do Papa. Veio à Roma, foi transferido à Sé Patriarcal de Jerusalém, e recebeu, não só o Pálio, mas também a autoridade de Delegado Apostólico na Palestina por 4 anos, como o Papa testemunha numa carta de 16 de junho do ano seguinte de 1205. Alberto voltou, para regular os negócios da Sé Episcopal de Verceil, e para providenciar sobre um sucessor seu; depois embarcou num navio renoves para a Terra Santa, onde aportou no ano de 1206.
           Enquanto as revoluções políticas transtornavam os impérios, e os tremores de terra derrubavam as nações e os reinos, os pobres eremitas viviam  sossegados no cume do Monte Carmelo. Esta cadeia de Montanhas , que junta a planície à Palestina, na Cordilheira do Líbano, oferece naturalmente solidões favoráveis à contemplação.
           Elevado acima da terra e do mar, no meio de impérios, de reinos, de nações e povos, que não existem mais, inacessível à tempestades das guerras humanas, o solitário do alto de seus rochedos, do fundo de suas grutas, contempla seguro as tempestades freqüentes, que agitam o mar ao longe. Era lá que o profeta Elias antes de ser arrebatado ao Céu, num carro de fogo, gostava de retirar-se para entreter-se com Deus.
           Era lá que o profeta Eliseu habitualmente morava com os filhos ou discípulos dos profetas, verdadeiros Cenobitas da Antiga Lei.
          O Santo Patriarca tendo chegado à Palestina, os Eremitas do Monte Carmelo, pediram-lhe uma Regra escrita e adaptada ao fim de sua Instituição, que ele lhes deu cerca do ano 1209.
          Santo Alberto, cuja Festa a Nossa Ordem celebra no dia 8 de abril, morreu aos 14 de setembro de 1214. O nosso Breviário  lhe dá só o título de Confessor;  mas há historiadores que atestam que ele morreu Mártir.
          Dizem eles dispondo-se o Santo para assistir ao Concílio de Roma, se via obrigado a repreender por causa de suas desordens um Lombardez. Em vez de aproveitar de suas paternas exortações, o miserável  o matou com uma facada, no dia da Exaltação da Santa Cruz, durante uma procissão, na Vila de São João D”Acre; e assim Alberto tomou vôo para o  Céu, decorado com a palma virente e a corôa rubra do Martírio.