sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

São Pedro Fourier, sacerdote

         

          São Pedro Fourier nasceu em 1565, em Mirecourt, pequena aldeia de Lorena, de pais pobres, porém virtuosos.  De boa índole, era Pedro uma criança piedosa e pouco afeita aos prazeres juvenis. Nos estudos que fez em Pont-a-Mousson, teve ocasião de revelar os belos talentos e não tardou que, entre todos os condiscípulos, se distinguisse pelo saber e preparo intelectual extraordinário. Como professor e  educador, revelava qualidades superiores, tanto que de preferência se  lhe confiavam as  crianças, às quais sabia incutir amor ao trabalho, temor de Deus e  respeito à inocência e pureza d’alma.  Na idade de vinte anos, entrou para a Ordem dos Cônegos de Santo Agostinho, onde mais se dedicou à vida religiosa;  fez o curso de filosofia, para um ano depois ser ordenado sacerdote.
          O zelo, a virtude do jovem levita, desgostou bastante os companheiros da Ordem, os quais, para se verem livres do incômodo monitor,  trataram de afastá-lo. Foram-lhe oferecidas três paróquias, entre as quais escolhesse a que mais lhe agradasse.  Tendo ouvido a opinião de um parente, Padre João Fourier, da Companhia de Jesus, escolheu não a mais rendosa e menos trabalhosa, mas a que mais esforço lhe exigia e menos rendimento oferecia.  De fato, a freguesia de sua escolha tinha tão má fama, que era chamada Genebra em miniatura (Genebra era a sede do calvinismo e cidade corrompida).
          Três anos trabalhou Fourier naquela Paróquia. Pela dedicação, palavra e oração, fez com que se verificasse uma remodelação tal entre os fiéis, que mereceu os maiores elogios dos bispos. Não satisfeito com o trabalho que a paróquia lhe dava,  Fourier  estendia  sua atividade a outras localidades, onde igualmente conseguiu a conversão de muitos, a reforma dos costumes e a extinção da heresia calvinista. O ducado de Salm, onde imperava o calvinismo, Fourier em menos de seis meses o reconquistou à fé católica.  Mais árduo foi o trabalho da reforma nos conventos. Mas, com a graça de Deus e a persistência dos conselhos, neles conseguiu o restabelecimento da disciplina monástica. 
           Grande merecimento teve Fourier com a fundação de uma Congregação religiosa, feminina, dedicada a Nossa Senhora. As religiosas desta Congregação destinavam-se, além da vida religiosa,  ao ensinamento da mocidade feminina. Fourier teve a  satisfação de obter para esta obra a aprovação apostólica e vê-la difundir-se com grande rapidez. 
           Ao trabalho da Congregação, associou-se a  responsabilidade de superior dos Cônegos Regulares. Também desse cargo, Fourier se  desempenhou com toda a dignidade e máxima competência. 
           Graves perturbações obrigaram-no a sair de Lorena e  domiciliar-se em Gray, na Borgonha, onde se dedicou inteiramente ao serviço da infância. 
           Mestre abalizado em todas as  virtudes, mais se distinguia no amor de Deus e  do próximo. À oração pertencia todo o  tempo que lhe sobrava dos trabalhos do estado, A maior parte da noite passava-a em exercícios de piedade. Trabalho nenhum começava, sem invocar o auxílio divino.  Em tudo o que fazia,  visava a glória de Deus e o cumprimento da vontade divina. A todos que lhe pediam conselho, recomendava que fizessem sempre o que mais agradasse a Deu,  e que fosse evitada a mais leve sombra do pecado.
           Sendo eleito superior geral da Ordem, reservou para si o serviço de enfermeiro.  Tratar dos doentes era-lhe uma delícia, e era de ver com quanto carinho, com quanta dedicação, não se entregava a  esse ofício, por todos considerado o mais penoso.  Maior ainda  era o zelo que tinha pela salvação das almas.  Para reconduzir alguém ao caminho da fé e da virtude, para fortalecer outros na prática do bem, Fourier não media sacrifícios. À conversão dos hereges, à penitência dos pecadores,  à perseverança dos justos, dedicava muita oração,  muita mortificação, e aplicava muitas vezes o santo sacrifício da Missa.
           Imaculada conservou Fourier a  inocência batismal, fugindo de tudo que a pudesse macular. Sendo inevitável tratar com pessoas de outro sexo, sempre se havia com  a maior prudência. Era inimigo declarado de toda palavra menos honesta e de modinhas livres. Como vigário, envidou todos os esforços para extirpar na paróquia o que pudesse  ofender a boa moral.
           A vida de Fourier era a prática de penitência ininterrupta.  Freqüentes vezes entremeava dias de  completo jejum. Tinha por indumentária, um hábito de fazenda áspera e grossa. O leito era uma tábua e, livros, substituíam o travesseiro. Não satisfeito com essas mortificações, sujeitava o corpo a rudes penitências, até correr sangue. 
           Como prenúncio da morte, Deus mandou-lhe uma febre violenta.  Sentindo a última hora aproximar-se, recebeu os Santos Sacramentos com uma devoção que a todos edificou.  Ora beijava ternamente o crucifixo, ora com os olhos, procurava a imagem de Maria Santíssima, enquanto os lábios formulavam a piedosa prece: “Maria, mostrai que sois minha mãe. Como Mãe minha, sempre vos invoquei, não rejeiteis agora o vosso filho adotivo.”.  
           A última satisfação que teve, foi poder celebrar ainda a  festa da Imaculada Conceição. No dia seguinte, aos 09 de dezembro de 1640, sua alma deixou esta terra, para entrar no reino do Pai celeste. Às 11 horas da noite, o  santo servo de Deus,  fez o sinal da cruz por três vezes e, os seus olhos, fecharam-se para sempre.  Fourier foi canonizado em 1897 pelo Papa Leão XIII.