quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Beata Mattia Nazarei

      

       Mattia, nascida no ano de 1235 em Matelica,  nas Marcas - Itália, pertencia à família nobre De Nazarei.  Cresceu rodeada dos amorosos cuidados familiares, que fizeram tudo para prepará-la para um brilhante porvir.  Seu pai, sonhava para ela um matrimônio digno de sua categoria. 
        Porém,  um fato inesperado transtornou todos os seus planos. O exemplo das  duas santas irmãs Clara e Inês de Assis também se repetiu em Matelica. Um dia Mattia sem avisar a ninguém, fugiu de casa e foi bater às portas do mosteiro de Santa Maria Madalena das  Irmãs Clarissas, pedindo à abadessa que a recebesse entre suas co-irmãs.  Esta a  fez notar que isto era impossível sem o consentimento de seus pais.
        Pouco depois o pai e alguns parentes irritadíssimos irromperam no mosteiro decididos a levá-la de novo para casa à força. Porém,  tudo foi inútil. O pai foi vencido pela insistência da sua filha, que assim pôde realizar seu sonho de  seguir a Cristo pelo caminho da perfeição. Tinha dezoito anos quando começou o noviciado e  antes da profissão, distribuiu parte de seus bens aos pobres e  parte reservou para urgentes trabalhos de restauração do mosteiro. 
         Atrás de seu exemplo, outras moças a  seguiram pelo caminho da vida evangélica que haviam traçado São Francisco e Santa Clara. Depois de oito anos de  vida religiosa foi eleita abadessa unanimemente.  Durante quarenta anos Mattia foi a zelosa superiora das Clarissas,  iluminada guia espiritual e  ao mesmo tempo sagaz administradora. Possuía as qualidades aparentemente contraditórias de  uma grande mística e de uma sábia organizadora.  Confiando na divina Providência, com ofertas da população e de sua família, reconstruiu desde os fundamentos da igreja até o mosteiro.
         A vida interior da Beata Mattia se modelou sobre a Paixão do Senhor. Por muitos anos todas as  sextas-feiras sofreu dores e  numerosos arroubamentos. Foi uma mulher de governo que as virtudes contemplativas unia às virtudes práticas.  Se manteve também em contato com o mundo, sabendo dizer uma palavra de consolo, ajuda e exortação aos muitos que ajudava na medida das possibilidades e ainda a indigentes e pobres.  Um menino estava a  ponto de morrer como conseqüência de uma queda. A mãe, desesperada, o levou à Beata Mattia que, depois de rezar o tocou com a mão e o restituiu são e salvo à sua mãe. E se contam dela muitos outros prodígios.         Em 28 de dezembro de 1320, depois de ter exortado e abençoado pela última vez a suas queridas co-irmãs, morreu serenamente aos 85 anos, deixando atrás de si uma doce recordação, que logo se transformaria em culto, o qual confirmaria Clemente XIII,  ao beatificá-la em 27 de julho de 1765.

Corpo incorrupto e os traslados 
         
         Quando Mattia morreu, um amplo raio de luz envolveu seu corpo, iluminando todo o convento. Ela desprendia um perfume de  incrível doçura, que enchia o ar ao seu redor.  Isso correu entre o povo e seus compatriotas foram contemplá-la mais uma vez para cortar pedaços do tecido de sua túnica.  Ocorreram muitos milagres e  muitos enfermos se curaram.  Ainda que a opinião  fosse contrária, as irmãs acharam mais prudente enterrá-la num local distanciado, mas o povo protestou e pediram que a colocassem num lugar mais acessível, onde todos pudessem expressar sua devoção.  
 
Primeiro translado
 
         As  irmãs, então,   pediram às autoridades religiosas permissão para exumá-la, sob a direção de um médico de Camerino,  o Dr. Bartolo.  Dezoito dias depois da  sua morte, o corpo de Mattia estava incorrupto e exalava suave perfume. Dr. Bartolo, segundo o costume da  época, quis embalsamá-la, mas ao ver que, ao primeiro corte, saía sangue líquido em abundância, se deteve e exclamou: "Que milagre é este! Creio que nunca se viu a um corpo morto sangrar tão abundantemente como se estivesse vivo, depois de ter sido enterrado tantos dias.  A esta podemos chamar realmente santa, pelos milagres que fez em vida e, Deus o queira, fará depois de morta".  
         Dali o corpo de Mattia foi colocado em uma elegante urna, ao lado da epístola do altar maior,  um pouco elevada do solo,  com uma grade frontal.  
 
Segundo translado
         
         Ao longo de dois séculos, sua fama estendeu-se além dos limites da sua cidade e  um número cada vez maior de peregrinos vinham de todas as partes para render homenagens. Em 1536,  com o fim de dar-lhe um lugar de maior privilégio em sua igreja, se trasladou a urna de Mattia de sua posição original.
 
Terceiro translado
 
         Em 22 de dezembro de 1758 a  colocaram sob o altar de Santa Cecília, que é o atual altar lateral direito da Igreja.  Seu corpo incorrupto permaneceu sempre em sua igreja, desde 15 de janeiro de 1320, com exceção de poucos dias, de 6 de outubro a 31de dezembro de 1811, quando a soldadesca napoleônica o sacou sacrilegamente de  seu altar e o levou  a Macerata.  Naquela ocasião esteve exposto à intempérie, pelo que a umidade e outros elementos nocivos puseram em marcha um processo de deteriorização.  Em 1973, o Pe.  Antônio Ricciardi, OFMConv., ocupou-se do delicado trabalho de desinfecção e conservação do corpo da Beata, pondo fim ao processo destrutivo e evitando danos posteriores a  sua carne e a seus ossos.  Por último, a Beata Mattia foi colocada em uma urna nova e mais bonita.  
 
O humor sanguíneo - pesquisas
 
        Em 1536, durante o segundo traslado, começou a brotar do corpo de Mattia um suor avermelhado, que as clarissas trataram de secar em vão com panos de linho. Seu corpo e suas relíquias ainda emitem dito líquido. 
        Em 1756, 437 anos depois de sua morte, se abriu a causa para um reconhecimento legal, e um suave perfume se desprendeu de seu corpo ainda incorrupto. Em 1758, durante o terceiro traslado, a Beata Mattia suou de novo sangue, empapando muitas toalhas. Seu corpo foi examinado mais de uma vez nos anos seguintes, porém, sempre na presença de autoridades eclesiásticas e médicos forenses. Em cada ocasião o fluido  sangüíneo impregnou toalhas, trapos e inclusive a touca de Mattia e seu hábito.  Estes preciosos panos, empapados de seu humor sanguíneo e cortadas em pedaços minúsculos, ainda se distribuem como relíquias. E de suas manchas já secas,   algumas vezes brotou o líquido avermelhado.   
        O Instituto de Medicina Legal da Universidade de Camerino atestou em 1972 que "as manchas presentes nos restos, com toda certeza, são de sangue,  um pouco envelhecida". 
 
Milagre recente - cura de câncer
 
       Em 1987 constatou-se a cura milagrosa de um farmacêutico e doutor napolitano, Alfonso de D'Anna. O diagnóstico do Instituto Pascal de Nápoles, confirmado pelo Instituto Nacional de Tumores de Milão, era carcinoma, um tumor maligno.  Em 6 de março de 1987 tinha que iniciar o tratamento de quimioterapia, porém a Beata Mattia apareceu em sonhos à senhora Rita Santoro, da ordem Franciscana Secular e Ministra da Fraternidade de Santa Maria Francisca de Nápoles. A senhora Rita então não conhecia o Dr. D'Anna, porém, a Beata Mattia lhe proporcionou informações detalhadas, para que pudesse identificá-lo. A senhora Rita tinha que dar-lhe uma de suas relíquias e o azeite bento de sua lâmpada, que arde sempre em seu convento, e que as clarissas oferecem aos fiéis em pequenos frascos.
        Em 7 de março de 1987, o Dr. Alfonso D'Anna dirigiu-se à sua farmácia, para retomar o trabalho. As revisões periódicas estiveram precedidas, muitas vezes, por um forte odor de jasmim, como havia predito o sonho, e confirmaram a incrível e completa cura do Dr. D'Anna. 
        A última revisão, um TAC realizado no hospital Cardarelli de Nápoles, confirmou a perfeita ventilação de seus pulmões e a ausência de lesões tumorais. 
        Toda a documentação foi posta à disposição das autoridades eclesiásticas, a fim de proceder a canonização da Beata Mattia.