quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Santa Cristiana, virgem e mártir



A vida de Santa Cristiana é um grande testemunho de que nada é coincidência, mas tudo é providência de Deus.
No século IV, vivia, nas terras pagãs entre o mar Negro e o mar Cáspio, hoje território da Geórgia, uma jovem escrava cristã chamada Nuné. Neste tempo reinava o imperador Constantino e ela havia nascido na Capadócia, atual Turquia, quando fora aprisionada por ocasião da invasão dos bárbaros aos confins orientais do Império Romano. Nuné era uma escrava que demonstrava toda sua fé em Cristo, na alegria com que enfrentava as dificuldades e os sofrimentos.  
Esse seu exemplo chamou a atenção dos pagãos com quem convivia. Assim, teve a oportunidade de ensinar a palavra de Cristo a todos os que a cercavam. Tornou-se tão conhecida que passaram a chamá-la de "Cristiana", a serva cristã.
A tradição russa conta que, certa vez, uma senhora procurou-a, pedindo que solicitasse a intervenção de Deus para que seu filho, gravemente enfermo, não morresse. Nuné se ajoelhou aos pés da cama onde estava a criança e rezou com tanto fervor que o menino abriu os olhos, sorriu e levantou-se na frente de todos. Este prodígio foi tal que toda a região mostrou interesse pela religião da serva de Cristo. Quanto mais prodígios ela promovia, mais catequizava e convertia os pagãos.
Certo dia, a rainha desse povo, chamada Nana, adoeceu gravemente e nenhum remédio conseguia fazê-la melhorar. Tentaram de tudo. Nada parecia possível. Assim alguém lembrou dos chamados "poderes" da serva cristã. Como último recurso, contaram à rainha, que mandou chamá-la. Assim, essa humilde escrava foi ao palácio atender a rainha, levando consigo somente a certeza de sua fé e a confiança de suas orações. Assim conseguiu curar a soberana.  
Enquanto a rainha recuperava sua saúde, o marido, rei Mirian, saiu em comitiva para uma caçada. Mas o grupo acabou preso no bosque devido a uma violentíssima tempestade. A situação era grave, com trovões e raios incendiando árvores, pedras rolando ao vento e atingindo pessoas. O pavor contaminou a todos, que clamaram por seus deuses, mas nada acontecia. Lembrando-se do que acontecera a rainha, o rei decidiu rezar para o Deus de Cristiana. Uma luz, então, foi vista saindo do céu, a tempestade cessou e todos puderam regressar sãos e salvos ao palácio. Nesse instante, o rei sentiu a fé queimar seu coração.
No palácio, procurou a escrava Nuné e lhe pediu que falasse tudo o que sabia sobre sua religião. Acabou sendo catequizado e convertido. Entretanto o rei Mirian e a rainha Nana não podiam ser batizados, pois na Corte não havia nenhum bispo. Seguindo a orientação de Cristiana, o rei enviou esse pedido ao imperador Constantino.
Nesse período de tempo, mandou construir a primeira igreja cristã, de acordo com uma planta feita sob orientação de Cristina, já liberta. Quando chegou o primeiro bispo da Geórgia acompanhado de um grupo de sacerdotes missionários, encontraram o povo já abraçando a doutrina de santa Cristina, como os fiéis a chamavam por força de sua piedade e prodígios de fé. Com facilidade, converteram a nação inteira, a partir da grande solenidade do batismo do casal real.  
Em seguida junto com o bispo, o rei Mirian e a rainha Nana construíram o Mosteiro Samtavro, anexo àquela igreja, onde mais tarde foram sepultados. Nele também viveu alguns anos santa Cristina, que morreu no ano 330.
É venerada pelos fiéis como padroeira da Geórgia, suas relíquias estão guardadas na Catedral da Metiskreta, antiga capital do país.
Seu culto foi confirmado e realizado no Oriente em 14 de janeiro, enquanto a Igreja de Roma a comemora no dia 15 de dezembro.


Catedral de Metiskreta, onde repousam os restos mortais de Santa Cristiana




Cruz de Santa Cristiana