Tiago Gapp nasceu em Wattens, na região do Tirol, na Áustria, em 26 de julho de 1897. Foi voluntário na Primeira Guerra Mundial, transcorrida de 1914 a 1918, caindo prisioneiro das tropas italianas ao final do conflito. No ano seguinte, estando em liberdade, voltou a ser voluntário, mas dessa vez numa congregação religiosa: a Sociedade de Maria.
Essa Ordem, fundada pelo francês padre Guilherme Chaminade, tinha por objetivo a educação da juventude e espalhou-se por vários países, inclusive a Áustria. Os integrantes eram chamados marianistas, que depois tornaram-se conhecidos em todo o mundo e o seu fundador foi canonizado pela Igreja.
Tiago iniciou o seu noviciado em 1920 e foi estudar na França e na Suíça. Dez anos depois, já sacerdote consagrado, voltou para sua terra natal. Em 1933, Adolf Hitler chegou ao poder na Alemanha, instaurando um Estado totalitário, inspirado na superioridade da “raça ariana”. O seu violento expansionismo acabou atingindo a Áustria, em 1938, onde a população, amedrontada e ameaçada, passou a denunciar e entregar todos os judeus e antinazistas, numa tentativa desesperada de evitar a represália do cruel exército alemão.
Tiago Gapp era um desses antinazistas convictos e poderia ser preso a qualquer momento. Mas isso não o intimidava. Tinha uma radical aversão à visão racista, também condenada pelo papa Pio XI por meio da famosa encíclica “Mit Brennender Sorge” de 1937. Tiago pregava, abertamente, que o cristianismo e o nazismo eram incompatíveis, não havendo a menor possibilidade de entendimento entre os dois.
Perseguido pela Gestapo, a agência de espionagem nazista, Tiago fugiu da Áustria, passando pela França e fixando-se na Espanha, em uma comunidade marianista de Valência. Porém os implacáveis espiões nazistas perseguiram-no até lá, sendo preso e deportado para Berlim.
Na capital alemã, Tiago enfrentou sete longos meses de cárcere. Mas seu julgamento, que não durou mais de duas horas, culminou com sua condenação à morte. Em 13 de agosto de 1943, na penitenciária de Ploetzansee, Tiago Gapp foi decapitado.
Poucas horas antes da execução, escreveu cartas animadoras a seus familiares e superiores: “Considero este dia como o mais belo de minha vida. Atravessei duras provas, mas agora estou feliz”. O papa Beato João Paulo II proclamou bem-aventurado Tiago Gapp em 1996, designando o dia de sua morte para o seu culto.