quarta-feira, 27 de março de 2013

São Bercário de Hautvillers, abade



           Bercário nasceu no seio de uma família ilustre da Aquitânia (França) e veio ao mundo em 636. São Nivardo, arcebispo de Reims (França), encarregou-se da sua educação e fê-lo instruir nas letras e na piedade por insignes professores. A educação que Bercário recebeu inspirou-lhe o desprezo do mundo e das glórias mundanas. Por isso, quando lhe foi possível, retirou-se para a abadia de Luxeuil, então governada por São Valberto.
            A sua humildade e fidelidade a preencher os seus deveres quotiadanos, fizeram que rapidamente se distinguisse dos outros religiosos do mesmo convento.
       Tendo voltado para Reims, pediu ao se protetor, São Nivardo lhe permitisse fundar um convento num lugar retirado, no meio da floresta que então circundava a cidade e as regiões vizinhas. Bercário escolheu um dos pontos mais altos de começou a construção do mosteiro de Hautvillers  — que mais tarde viria a ser célebre por nele ter vivido, alguns séculos mais tarde Dom Pérignon, o frade que “inventou” o vinho de Champagne — e, acompanhado de mais alguns frades, desde que os trabalhos de construção o permitiram, para ali veio viver na solidão. Os companheiros escolheram-no para primeiro Abade do novo mosteiro, o que Bercário aceitou com muita dificuldade.
        Animado do zelo pela glória de Deus, ele fundou ainda dois outros mosteiros na floresta de Der, na diocese de Châlons-sur-Marne, um chamado Montier-en-Der, para homens e outro em Pellemoutier, para donzelas.
            Trouxe de Roma e de Jerusalém, onde foram em peregrinação, diversas relíquias de Santos para as igrejas dos mosteiros por ele fundados. Ao mosteiro de Montier-en-Der, onde estabeleceu residência, doou terras que recebera da sua família, mas acabou por ser vítima do seu zelo pela salvação das almas.
        Com efeito, o monge Dauguin, indignado por causa de uma reflexão justificada que lhe fizera Bercário, veio de noite na sua cela e apunhalou-o. O culpado tendo-lhe sido apresentado para que recebesse a devida punição pelo seu ato, apenas ouviu o seu abade pedir-lhe que fizesse penitência e que procurasse fazer uma peregrinação a Roma. Daguin saiu do convento e nunca mais lá voltou.
           O Santo viveu ainda dois dias, antes de entregar a Deus a sua bela alma: Bercário morreu no dia 27 de Março de 696.
         A sua santidade foi rapidamente confirmada por numerosos milagres, e a Igreja sempre o considerou como um mártir da caridade e da justiça.
         Os seus restos mortais, depois de diversas transladações, foram trazidos para Montier-en-Der, onde foram devotamente conservados até ao momento da Revolução francesa.