quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Beato João de Verna

           

           Era originário de Fermo, nas Marcas, em Itália. É chamado sobretudo da Alvérnia (em italiano della Verna), porque viveu vários anos e morreu na solidão onde S. Francisco recebeu os estigmas.
            Nascido em 1259, teve uma infância do minada pelo mistério da Paixão. Chorava de noite até molhar o lençol, à volta da cabeça. Mortificava-se quanto podia, batendo com ramos de urtigas na pele. Chegava a pôr os joelhos em sangue com rápidas genuflexões, batendo na terra dura.
           Entrou aos dez anos nos cônegos regulares. Tendo encontrado uma velha couraça, subiu à torre para ninguém o ver, e à força de cortes adaptou-a à sua juvenil estatura; usou-a debaixo do vestuário até que lhe descobriram a sua armadura insólita. Aos treze anos, passou para os Menores franciscanos. Habituara-se a andar olhando para o céu, o que fazia que tropeçasse e se ferisse nos pés. A um companheiro, que lhe recomendava olhasse para os pés, respondeu: «Não devemos, para atender aos pés, não fazer caso do espírito».
            Mandado para a Alvérnia, vivia lá em grandes austeridades, jejuando quaresmas em honra do Espírito Santo, de Nossa Senhora e dos anjos. Durante o Inverno, não tinha senão um hábito grosseiro e polainas, e ainda uma capa, obrigatória na Alvérnia. Algumas vezes, no Inverno, chegava ao coro, branco como boneco de neve, porque o seu eremitério estava longe. Esta habitação não tinha cama; deitava-se no chão duro. Tais austeridades não o impediam de pregar ao povo.
            Embora não tivesse estudado quase nada, dominava a Sagrada Escritura e sabia tirar dela o que vinha ao seu propósito. morreu ao cabo de 50 anos de vida franciscana, nas primeiras vésperas de S. Lourenço, no meio dos Irmãos da Alvérnia (9 de Agosto de 1322). Tinha-os exortado a não viverem senão para Cristo – Caminho, Verdade e Vida. Conta-se que S. Francisco veio ter com ele para lhe moderar as mortificações e que, por vezes, eram os anjos que lhe faziam companhia. O seu culto foi aprovado pelo papa Leão XIII, em 1880.