quarta-feira, 15 de maio de 2013

Santa Teodora Guérin, fundadora


Que fortaleza adquire a alma na oração! Em meio à tormenta, quão doce é a calma que a oração encontra no coração de Jesus! Porém... Qual o consolo que têm aqueles que não rezam?” (Sta. Teodora Guérin)



     Ana Teresa Guérin nasceu no dia 2 de outubro de 1798 na aldeia de Étables, França. Sua devoção a Deus e à Igreja Católica se manifestou quando ainda muito pequena. Foi-lhe permitido receber a Primeira Comunhão com apenas dez anos de idade (fato incomum na época) e nessa ocasião expressou ao pároco sua intenção de algum dia tomar o hábito de religiosa.
     A pequena Ana Teresa com frequência procurava a solidão das costas rochosas próximas de sua casa, onde dedicava muitas horas à meditação, à reflexão e à oração. Foi educada por sua mãe, Isabel Guérin, que centralizou seu ensino na religião e nas Escrituras. Laurêncio, pai de Ana Teresa, prestava serviços na Armada de Napoleão e permanecia fora do lar por longos períodos.
     Quando Ana Teresa tinha 15 anos seu pai foi assassinado por bandidos quando voltava para casa para visitar sua família. A perda do esposo tornou Isabel muito doente, durante muitos anos a responsabilidade de cuidar da mãe e da pequena irmã recaiu sobre Ana Teresa que, além disto, cuidava da casa e da horta da família.
     Ao longo desses anos de penúrias e sacrifícios - na realidade, durante toda sua vida -, a fé em Deus nunca vacilou, jamais titubeou. No mais profundo de sua alma sabia que Deus estava com ela, que sempre estaria com ela, como uma companhia constante.
     Ana Teresa tinha quase 25 anos quando ingressou nas Irmãs da Providência de Ruillé-sur-Loire, uma jovem comunidade de religiosas que serviam a Deus na educação das crianças e cuidando dos pobres, doentes e moribundos.
     Irmã Santa Teodora, como era então conhecida, foi solicitada para encabeçar um pequeno grupo missionário de Irmãs da Providência nos Estados Unidos. O projeto incluía o estabelecimento de um convento, a fundação de escolas e compartilhar o amor a Deus com os pioneiros da Diocese de Vincennes, no Estado de Indiana.
     Piedosa e humilde, Irmã Teodora jamais imaginou ser a pessoa mais indicada para a missão. Sua saúde era frágil. Durante seu noviciado havia adoecido gravemente e os remédios comprometeram gravemente seu sistema digestivo, a ponto de no resto de sua vida só poder consumir alimentos suaves e macios. Após muitas orações e consultas aos superiores, aceitou a missão temendo que ninguém o faria, talvez nenhuma religiosa se aventurasse em tão agreste região para difundir o amor de Deus.
     Madre Teodora e outras cinco Irmãs da Providência chegaram à sede de sua missão em Saint Mary-of-the-Woods, Indiana, na tarde do dia 22 de outubro de 1840. Imediatamente se dirigiram à pequena cabana de troncos que fazia as vezes de capela. Ali, as Irmãs se prostraram em oração diante do Santíssimo Sacramento para agradecer a Deus terem chegado sãs e salvas, e para pedir a Ele a bênção para a nova missão.
     Nessa terra Madre Teodora estabeleceu uma Congregação, escolas e um legado de amor, misericórdia e justiça que perdura até hoje.
     Durante anos de provações e anos de paz, Madre Teodora confiou sempre na Providência Divina, procurando obter conselho e direção, urgindo as Irmãs da Providência a “entregar-se por inteiro nas mãos da Providência”. Em suas cartas à França dizia: “Porém nossa esperança reside na Providência de Deus, que nos tem protegido até o presente e que, de uma ou outra maneira, proverá para nossas necessidades futuras”.
     No outono de 1840, a missão de Saint Mary-of-the-Woods consistia apenas de uma capela - uma diminuta cabana de troncos que também servia de alojamento para um sacerdote - e uma fazenda de pequena estrutura onde residiam Madre Teodora, as Irmãs francesas e várias postulantes. Ao chegar o primeiro inverno, fortes ventos do norte sopraram sacudindo a pequena fazenda. As Irmãs sentiam frio constantemente e passavam fome. Logo converteram a galeria em uma capela; nesse humilde convento encontravam conforto na presença do Santíssimo Sacramento. Madre Teodora sempre dizia: “Com Jesus, o que podemos temer?
     Durante seus primeiros anos em Saint Mary-of-the-Woods, Madre Teodora enfrentou numerosos problemas: o preconceito contra os católicos, especialmente contra as religiosas; traições, mal-entendidos; a ruptura das Congregações de Indiana e de Ruillé; um incêndio devastador que destruiu uma colheita deixando as Irmãs desprovidas e famintas; frequentes doenças mortais.
     Em cartas Madre Teodora relatava suas tribulações: “Se alguma vez esta pobre e pequena comunidade conseguir assentar-se definitivamente, o fará sobre a Cruz; isto me infunde confiança e me brinda esperança, mesmo diante do desamparo”.
     Menos de um ano depois de sua chegada a Saint Mary-of-the-Woods, Madre Teodora fundou a primeira Academia da Congregação e, em 1842, estabeleceu escolas em Jasper, Indiana e St. Francisville, Illinois. Por ocasião de sua morte, Madre Teodora já tinha aberto escolas em várias cidades de toda Indiana e a Congregação das Irmãs da Providência era uma instituição sólida, viável e respeitada. Madre Teodora sempre atribuiu o crescimento e o êxito das Irmãs a Deus e a Maria, Mãe de Jesus, a quem dedicou os seus trabalhos em Saint Mary-of-the-Woods.
     Madre Teodora tinha a rara habilidade de fazer florescer as melhores virtudes nas pessoas para permitir-lhes ir além do que aparentemente era possível. O amor de Madre Teodora foi uma de suas grandes virtudes. Amava a Deus, ao povo de Deus, as Irmãs, a Igreja Católica e as pessoas a quem servia. Jamais excluiu alguém de suas obras e orações, pois dedicou sua vida a ajudar a todos a conhecer a Deus e a viver uma vida melhor.
     Ela faleceu dezesseis anos após sua chegada a Saint Mary-of-the-Woods, no dia 14 de maio de 1856. Durante esses anos, influenciou inúmeras vidas, o que ainda hoje continua fazendo. O legado que entregou às gerações que a sucederam é sua vida: um modelo de bondade, virtude, amor e fé.
     Foi canonizada em 15 de outubro de 2006 por S.S. Bento XVI.