Antônio viveu os últimos anos da vida em Cotignola, onde deixou o corpo incorrupto e exerceu o dom dos milagres. Nasceu em Ferrara da família Bonfadini em 1400, e na universidade dessa cidade fez brilhante carreira nos estudos até se laurear. Aos 37 anos entrou no convento do Espírito Santo dos frades menores da mesma cidade, e na vida notabilizou-se pela fidelidade à regra professada e pelo espírito de oração.
Ordenado sacerdote, foi seduzido pela pregação de São Bernardino de Sena, que tinha despertado um desabrochar maravilhoso de virtudes entre os confrades. Levado por esse entusiasmo, começou também ele a percorrer os caminhos da Itália como pregador da palavra divina. Sendo o século XV o século de ouro da pregação e da santidade franciscana, Frei Antônio Bonfadini representa nesse firmamento uma estrela de primeira grandeza, ao lado de São Tiago da Marca, São João de Capistrano e São Bernardino de Sena. Não admira que o Frei Antônio se sentisse atraído pela santidade e solidário com o apostolado de tão excelentes mestres, apostolado que durou alguns decênios e se estendeu por toda a Itália, provocando uma notável renovação da vida cristã.
Mas o seu espírito evangélico não lhe permitia confinar-se a terras já cristãs. Quis estender a sua ação apostólica também a povos ainda não iluminados pela luz do Evangelho. Por isso, inspirado pelo Espírito Santo, orientou primeiro o pensamento e depois os passos para a missão da Terra Santa, essa terra abençoada pela presença corporal do Filho de Deus, onde o próprio São Francisco fundara uma missão, mais tarde entregue oficialmente aos franciscanos pelas autoridades supremas da Igreja.
É mais fácil imaginar do que descrever a emoção espiritual de Antônio ao percorrer os mesmos caminhos e passar nos mesmos lugares por onde passaram Cristo, sua Mãe e os Apóstolos, meditando na vida, paixão, morte e ressurreição do Salvador. Ignoramos quanto tempo terá passado na Palestina e que atividades terá desempenhado. A idade bastante avançada já não lhe permitia uma atividade apostólica eficiente, e talvez por isso tenha decidido regressar a pátria. Carregado de méritos e de anos e com profunda saudade empreendeu a viagem de volta, bem mais triste do que a de ida. O destino devia ser o convento de Ferrara, onde lhe seria permitido esperar com tranqüilidade a irmã morte. Mas ao chegar à Itália esqueceu-se do quebranto, das doenças e dos anos, e reassumiu com renovado ardor o apostolado da pregação por cidades e aldeias. Foi deveras frutuoso o seu trabalho nesse final de vida, até se lhe esgotarem as forças e entregar a alma a Deus no Hospital de Peregrinos de Cotignola, em primeiro de dezembro de 1482, precisamente com 82 anos de idade.