sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Santa Fabíola de Roma, matrona


    














     A única fonte biográfica sobre esta santa é a Epístola 77 de São Jerônimo, escrita no verão do ano 400 da era Cristã. Da nobre família dos Fabi, Fabíola muito jovem casou-se com um homem cruel de quemse divorciou para casar-se novamente, fato que escandalizou a Igreja.
     No Sábado Santo de um ano impreciso, Fabiola se apresentou, vestida com tecido se saco, na Basílica de São João de Latrão, pedindo para ser recebida na Igreja. Diante do clero e dos fieis fez publicamente penitência, e o papa Sirício (384-399) admitiu-a de novo à comunhão.
     Retirou-se para a vida privada, dedicou-se aocuidado dos pobres e fundou em Óstia, junto a Roma, um grande hospital para os doentes abandonados, onde eles eram tratados gratuitamente. Foi a primeira fundação do gênero na Europa. Esta fundação é “uma das datas mais altas da história da civilização ocidental”, segundo o historiador Camille Julian.
     Em 394 ela foi para a Palestina convidada por São Jeronimo e lá se dedicou ao estudo das Sagradas Escrituras. São Jerônimo ficou muito impressionado com a sua forte personalidade, inteligência e virtude, e escreveu sua biografia. No ano seguinte, receando uma invasão dos Hunos, ela retornou a Roma, onde viveu na pobreza, morrendo no ano400. Toda a cidade participou de seu funeral cantando o Aleluia.
     Em 397, São Jeronimo enviara a ela uma dissertação sobre as vestes sacerdotais e a ela também destinou, em 400, o Liber exegeticus XLII mansionibus Israelitarum in deserto.Por outro lado, ela também tinha admirado ao máximo a carta escrita por Jerônimo aomonge Heliodoro, por volta de 376, em que ele elogiava a solidão. 
    Na carta a Oceano assim São Jeronimo resume as virtudes de Fabiola: "Laudem Christianorum, miraculum gentilium,luctum pauperum, solatium monachorum".
     O nome de Fabiola aparece nos martirológios somente a partir do século XV ao séculoXVIII no dia 27 de dezembro. Entretanto, não foi incluída por Baronio no Martirológio RomanoEla deve a sua grande notoriedade ao famoso livro do Cardeal Wisemann, intitulado Fabiola, ou a Igreja das Catacumbas (Londres 1855) que apresenta uma Fabiolaespectadora simpática da última perseguição" em vez de uma matrona penitente do século.IV.

Santa Nicareta de Nicomédia, mística e eremita


Nicareta (Νικαρέτη,Nikaréte) nasceu em Nicomédia de Bitínia, no Século IV, em data ignorada, e morreu em Constantinopla, em 440 d.C. (Século V). Era uma mulher cristã que se tornou eremita. É venerada com a santa pelas Igrejas Católica e Ortodoxa.
De família nobre, Nicareta consagrou-se à vida cristã; tornou-se famoso pela sua piedade e benevolência, assim como pelas curas que realizava gratuitamente, graças aos seus conhecimentos de Medicina. Vivia muito austeramente, retirada da mesma maneira que uma eremita, em sua própria a casa, em Constantinopla. Elogiada por São João Crisóstomo, recusou por humildade o convite para que fosse diaconisa ou para que dirigisse uma comunidade monástica de mulheres.
Quando São João Crisóstomo foi expulso de Constantinopla, em 404 d.C., Nicareta também sofreu perseguição, sendo cruelmente difamada. Além disso, foi injustamente desprovida de seus bens. Empobrecida, soube gerir seus recursos para poder viver e ainda repartir o pouco que lhe sobrara com os pobres, a quem fazia freqüentemente gestos de caridade.
Finalmente, Nicareta foi declarada inocente e seus difamadores acabaram exilados. Poderia ter sido ela a mulher responsável pela cura de São João Crisóstomo, mas não há provas suficientes para se confirmar esta tese. Foi canonizada pela Igreja Católica Apostólica Romana e sua memória é celebrada em 27 de dezembro.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Venerável Teresa de Santo Agostinho, princesa e carmelita


     A princesa Louise Marie de France, filha do rei Luís XV e da rainha Maria Leszczynska, princesa da Polônia, nasceu no Palácio de Versalhes a 15 de julho de 1737. Foi educada na Abadia de Fontevrault.
     Ainda muito criança sofreu um acidente que quase a fez perder a vida. Impaciente por sua criada de quarto não vir logo atendê-la, subiu na grade de seu leito, daí caindo. Embora logo tratada, essa queda legou-lhe uma deformidade física, e levou-a às portas da morte. Nessa ocasião, as religiosas do mosteiro fizeram um voto à Virgem pela saúde da princesa e ela foi curada miraculosamente. Nunca mais esqueceu ao que devia sua vida, o que a marcou de um modo profundo.
     Desde a infância mostrou inclinação para a vida de piedade, nunca se cansando da extensão do Oficio Divino. Um dia chorou amargamente porque uma dama que a servia falou-lhe de um príncipe estrangeiro que seria seu esposo. Entretanto, era orgulhosa de sua posição. Certa ocasião, julgando-se ofendida por uma de suas damas, disse-lhe com azedume: "Não sou eu a filha de vosso rei?" "E eu, Madame", respondeu a senhora, "não sou a filha de vosso Deus?" "Tendes razão", respondeu a princesa tocada pela resposta, "eu estava errada e peço perdão".
     Extremamente generosa com os pobres, dava-lhes o dinheiro que recebia para seus gastos, nada reservando para si. A dama de honra encarregada de suas despesas acostumou-se a entregar aos pobres o que recebia para Louise Marie, sem mesmo consultá-la.
     Dotada de um caráter vivaz, gostava dos exercícios violentos. Um dia, caçando em Compiègne, seu cavalo assustou-se e lançou-a a razoável distância. Ela caiu quase sob as rodas de uma carruagem que vinha em disparada. Salva como por milagre, fizeram com que regressasse de carro. Rindo-se dos temores gerais, ordenou ao seu escudeiro que lhe trouxesse o cavalo, montou, dominou o animal nervoso e continuou o passeio. De volta ao castelo, foi agradecer a Virgem o que chamou a segunda salvação de sua vida.
     Madame Louise viveu até os 33 anos na Corte mais faustosa do mundo, nela haurindo tudo quanto havia de bom e dando ali exemplo de virtude, sem se deixar contaminar pelos aspectos mundanos e frívolos que, infelizmente, vinham se introduzindo em tais ambientes a partir do fim da Idade Média. Seu pai tinha concubinas e ela e a irmã, Clotilde (já beatificada), serviram de esteio para uma reação dentro da corte, que conduzia consigo os destinos da moralidade da corte, e consequentemente os destinos da moralidade do reino.

     Desejando ingressar no convento, ao assistir a tomada de hábito no Carmelo de uma condessa quis ingressar nessa Ordem. Começou a preparar-se para isso estudando a regra de Santa Teresa, e abstendo-se lentamente do conforto que a cercava. Afastava-se do aquecimento do castelo durante períodos de frio horroroso. Ela não suportava o cheiro de velas e venceu essa repugnância após anos de esforços. 
     Tendo falecido sua mãe, a piedosa rainha Maria Leszczynskaconseguiu o consentimento do rei e a 20 de fevereiro de 1770, entrou para as carmelitas de Saint-Denis, considerado o mais pobre da França e o de regime mais severo. A França admirou-se desse exemplo e o papa Clemente XIV escreveu à princesa, para lhe exprimir a felicidade que sentia em ver seu pontificado assinalado por um acontecimento tão consolador para a religião.
     No convento, lutou arduamente para que suas companheiras deixassem de distingui-la das outras. Trabalhou também para vencer sua dificuldade em ficar longo tempo de joelhos, tendo conseguido essa graça após uma novena feita a São Luís Gonzaga. Recebeu o hábito a 10 de setembro de 1770, revestida do manto de Santa Teresa que as carmelitas de Paris possuíam e tomou o nome de Irmã Teresa de Santo Agostinho.
     Nomeada mais tarde mestra de noviças, destacou-se sobremodo nesse trabalho tão difícil, manifestando constante alegria em meio às dificuldades com que se deparava. Foi eleita depois, unanimemente, superiora. Quando o visitador geral das carmelitas levou a notícia ao rei, avisou-lhe que somente um voto fora contra a Irmã Teresa. "Então", respondeu Luís XV, "entretanto, houve um voto contra ela?" "Sim, Senhor", respondeu o prelado, "mas foi o voto dela mesma".
     Como superiora, foi cheia de caridade para com suas irmãs e extremamente severa consigo própria, procurando seguir com o máximo de fidelidade o espírito de sua regra. Preocupava-se, também, em conseguir junto a seu pai e, mais tarde, junto a Luís XVI, todos os benefícios que pudesse para a religião. Foi a ela que as carmelitas dos Países Baixos austríacos deveram ser acolhidas em França, quando expulsas de sua terra por José II.
     Irmã Teresa também contribuiu para a fundação de um mosteiro de estrita observância para os carmelitas descalços, cuja regra relaxara durante algum tempo. Severamente interdita de usar de sua influência para tudo aquilo que se referisse a assuntos mundanos, usou-a, entretanto, o quanto pode, para a salvação das almas.
     Afastada dos problemas do Estado, interessava-se profundamente por suas necessidades e na oração procurava solvê-los. Suas orações e penitências pela conversão do pai foram atendidas: em 1774, o rei Luís XV morreu reconciliado com Deus e com a Igreja, depois de 30 anos afastado dos Sacramentos. Rezava pela conservação da fé no reino, a restauração dos costumes, a salvação dos povos, a paz e a tranquilidade pública. 
     Deixou duas obras espirituais, publicadas postumamente:Meditações Eucarísticas e Coletânea dos testamentos espirituais a suas filhas religiosas carmelitas.
     Devotadíssima ao Papa, tornou-se defensora dos direitos da Santa Sé face aos ataques dos galicanos e jansenistas, que exerciam grande influência na Corte. Nessa luta, procurou ajudar os Jesuítas, então especialmente perseguidos.
     Tinha pelos franceses o mesmo amor que seu antepassado São Luís. Tudo que interessava à sua pátria interessava à sua piedade. Luís XVI a reverenciava como o anjo tutelar da França. Indiscutivelmente, foi para afastar a influência que ela exercia sobre Luís XVI que os ímpios decidiram exterminá-la definitivamente. É quase certo que Marie Louise morreu envenenada.
     Em novembro de 1787, seu mal de estômago agravou-se violentamente com dores agudas (dois anos antes da Revolução Francesa...). Daí em diante piorando gradativamente, preparou-se para morrer. Sua morte foi magnífica pela coragem com que a enfrentou. Suas últimas palavras foram: "Ao Paraiso! Depressa! Já é tempo!". Era o dia 23 de dezembro de 1787, às quatro e meia da manhã.
     Em 1793, por ordem dos revolucionários, lançou-se ácido contra os restos da venerável princesa e acreditaram tê-los destruído. Mas um grande número de milagres conduziu a introdução de sua causa, declarando-a Pio IX venerável no dia 1º de junho de 1873.
     O decreto reconhecendo as virtudes heroicas da Venerável Madre Teresa de Santo Agostinho foi publicado em 18 de dezembro de 1997. Basta apenas um milagre oficialmente reconhecido e atribuído a ela para que a Igreja a declare Beata.Madame Louise de France deixou por Deus os degraus do trono. Esperemos que em troca Ele um dia a faça gozar a honra dos nossos altares

Santa Vicenta Maria Lopez y Vicuña


     A Madre Vicenta Maria López y Vicuña nasceu em Navarra, Cascante, no dia 24 de março de 1847, em uma família solidamente cristã.

     Na família Vicenta Maria captou o sentido de Deus em sua vida. Seu pai, José Maria López, membro do Colégio de Advogados de Pamplona, foi seu primeiro mestre. Rezava com os familiares, aprendendo a sentir a necessidade da gratidão a Deus, da obediência à suas leis. A devoção ao Rosário na família, orações marianas, seria como uma tábua de salvação em sua vida espiritual. Um tio padre completava a sua formação religiosa.
     Momento significativo na sua vida espiritual foi sua Primeira Comunhão. Outro fato importante para o seu crescimento foi sua transferência, em 1857, para a casa dos tios em Madri, a fim de completar sua formação. Ali continuou a aprender o catecismo e vivia sua fé nos trabalhos de caridade para a "Casita". "Casita" era uma casa para as jovens da zona rural vítimas da transformação social ocasionada pela industrialização.
     Aos 17 anos, resolvida a dedicar sua vida ao apostolado e convencida da necessidade de fundar uma congregação religiosa que garantisse sua continuidade, comunicou a ideia ao seu diretor espiritual o Pe. Víctorio Medrano SJ. Ele aprovou a ideia deixando para o futuro a concretização.
     Em março de 1868, Vicenta fez os Exercícios Espirituais no Primeiro Mosteiro da Visitação e saiu resolvida a fundar sua obra. Mas seus pais se opõem ao projeto e ela teve que retornar a Cascante onde permaneceu por sete meses.
     Em fevereiro de 1869 retornou a Madri e se dedicou completamente ao desenvolvimento da obra em favor das empregadas e a elaboração das Constituições e regras da nova congregação. A situação política e social atrasou um tanto a fundação, mas Vicenta Maria, sua tia Maria Eulália e um pequeno grupo de senhoras, começaram a levar uma vida de comunidade a partir de 22 de fevereiro de 1871.
     O Pe. Isidro Hidalgo y Soba S.J. começou a dirigir espiritualmente Vicenta e suas companheiras em julho de 1875.
     Em 11 de junho de 1876, solenidade da Santíssima Trindade, D Ciriaco Maria Sancha impunha o hábito religioso a Vicenta Maria e as outras companheiras; nascia assim a Congregação das Irmãs do Serviço Doméstico (o nome atual da Congregação, depois de várias mudanças é Religiosas de Maria Imaculada).
     Antes de completar um ano de fundação, Madre Vicenta abria a terceira casa de seu Instituto. E outras fundações se seguiram, não sem dificuldades, e lentamente novas candidatas foram se apresentando.
     Em 1879 uma enfermidade começou a minar a saúde de Madre Vicenta. Prostrada na cama, debilitada pela enfermidade, pronunciou a fórmula de sua profissão perpétua em 31 de julho de 1890, às cinco e meia da manhã. Duas horas mais tarde participou na capela da primeira celebração deste tipo que a Congregação teria, em que foram recebidas em profissão nove companheiras.
     Na tarde do dia 26 de dezembro de 1890, após ter abençoado pela primeira vez sua religiosas, tendo nas mãos o Crucifixo e uma estampa da Virgem, entregou sua alma ao Criador.
     A causa para sua beatificação e canonização foi introduzida em 19 de fevereiro de 1915. Foi beatificada pelo Papa Pio XII em 1950 e canonizada pelo Papa Paulo VI em 25 de maio de 1975. A memória litúrgica é 26 de dezembro, o dia de sua morte.

Beata Maria dos Apóstolos, cofundadora


     Na noite de Natal de 1907 o coração generoso de Madre Maria dos Apóstolos cessava de bater. Terminava em Roma a sua vida operosa, cheia de ardor missionário, tendo fundado em Tivoli, no Lácio, o Instituto das Irmãs do Divino Salvador.
     Teresa von Wüllenweber nasceu aos 19 de fevereiro de 1833 no Castelo de Myllendonk, em Neuwerk, próximo de Mönchengladbach, Alemanha. Sendo a primogênita dentre as cinco filhas do casal Joseph Theodor, Barão de Wüllenweber, e Constância Elizabeth Lefort, Teresa devia herdar o castelo.
     Cresceu em um ambiente profundamente religioso, com alguns aspectos austeros, mas caracterizado por um forte afeto familiar. O pai, homem reto e afável, era bem quisto por todos. Teresa recebeu a primeira instrução em casa com sua mãe e com alguns sacerdotes. Na idade de 15 anos aperfeiçoou sua educação e instrução junto às Beneditinas de Liège, Bélgica, onde, pensando em Roma como o coração da cristandade, desejou estudar também o italiano.
     Em 1850 regressou ao castelo e ajudava sua mãe nos afazeres da casa e seu pai nos trabalhos administrativos; exercitava-se ao piano e gostava de trabalhos artísticos; junto com a mãe visitava os pobres e os doentes dos arredores. O Evangelho passou a ser seu estudo preferido.
     Em 1853 e em 1857 participou com a mãe e a irmã de retiros espirituais dos Jesuítas, durante os quais nasceu nela o grande amor pelas missões.
     Aos 24 anos, contra a vontade do pai, mas com a permissão da mãe, entrou no convento do Sagrado Coração de Blumenthal, perto de Aquisgrana. Exerceu vários ofícios em Warendolf e em Orleans (França), mas embora fosse feliz no apostolado que exercia e aproximando-se a profissão solene, sentia em seu coração que o Senhor tinha para ela outros desígnios. Deixou amigavelmente o Instituto em março de 1863.
     Na nota de demissão a fundadora, Santa Madalena Sofia Barat, anotou:“piedosa e de bom caráter ... não se encontrou nela a disposição para ser educadora”. Foi uma experiência muito importante que a tornou uma grande devota do Sagrado Coração por toda vida.
     Por algum tempo se preocupou com a casa e as irmãs, até que, em 1868, ingressou na Congregação da Adoração Perpétua de Bruxelas, com encargos em Liège. Ali constatou que milhares de alemães pobres emigravam para Liège, porque não sendo obrigatório dar estudo às crianças, os mandavam trabalhar nas minas de carvão. Se tornavam assim vítimas da corrupção, sem religião, arruinando-se espiritual e fisicamente. Ela pensava em uma fundação na Alemanha, mas eram os anos da kulturkampt com perseguições anticlericais, dioceses vazias, seminários fechados, sacerdotes no exílio. Dois anos depois Teresa voltou para casa.
     Em 1872, Teresa conheceu o pároco de Neuwerk que se tornou seu diretor espiritual. Começaram a falar de uma nova fundação. Em 1876 alugou uma parte do ex-mosteiro beneditino de Neuwerk e ali abriu o Instituto Santa Bárbara para assistência dos órfãos, das jovens e das senhoras sozinhas. Tentou sem sucesso a união com um instituto similar. Entre outros, conheceu Santo Arnoldo Janssen.
     Finalmente, após ler um anúncio no jornal da Sociedade Apostólica Instrutiva, em 4 de julho de 1882 encontrou-se com o jovem sacerdote João Batista Jordan (Francisco da Cruz), que seis anos antes havia fundado em Roma o Instituto (o termo Apostólica seria substituído por Católica).
     Embora a diferença de idade entre os dois fosse de 15 anos e pertencessem a classes sociais diferentes (o Padre Jordan era de humilde origem), logo se tornaram muito unidos.
     Dois meses após o primeiro encontro, Teresa (então com 49 anos) se ligou com votos privados à Sociedade, dando-lhe “o seu convento”. Em 1888, com um pequeno grupo de coirmãs, foi chamada pelo Padre Jordan para ir a Tivoli. Em 8 de dezembro de 1888, nasceu o novo ramo feminino da Sociedade Católica Instrutiva; Teresa foi eleita Superiora com o nome de Irmã Maria dos Apóstolos. Ela é considerada cofundadora da Congregação das Irmãs do Divino Salvador.
     A nova Congregação logo recebeu vocações da Alemanha, Suíça, Áustria, Hungria e do Tirol do Sul. Desde os primeiros tempos o seu espírito foi missionário, tanto que poucos anos depois Madre Maria enviava as primeiras Irmãs para a Índia e o Equador, mantendo sempre com elas contatos através de correspondência.
     Em Tivoli, no ano de 1894, abriu um seminário magistral para uma maior preparação das Irmãs, sob o olhar vigilante do Padre Jordan. A obediência ao Fundador por parte de Madre Maria foi sempre um dever.
     Pelo fim de 1905, aconteceu o Primeiro Capítulo, com a Madre já doente e envelhecida, tendo quase perdido a visão. Foi reeleita, mas as condições de saúde, suportadas com paciência, pioraram progressivamente com ataques de asma e problemas de mobilidade. Dois anos depois uma meningite foi fatal: enquanto as Irmãs se encontravam na igreja para a Missa de Natal, ela faleceu.
     Em 4 de agosto de 1903 ela tinha escrito o seu testamento espiritual: “Espero humildemente que as minhas boas Irmãs rezarão muito por mim. Que continuarão a trabalhar com santo zelo pela própria perfeição, procurando sempre fazer o verdadeiro bem ao próximo, mantendo-se firmes no espírito do Fundador”.
     Madre Maria dos Apóstolos foi beatificada em 13 de outubro de 1968 pelo Papa Paulo VI. As suas relíquias são veneradas na igreja da Casa Generalícia de Roma.

Santo Estêvão, diácono e protomártir



        Depois do Pentecostes, os apóstolos dirigiam o anúncio da mensagem cristã aos mais próximos, aos hebreus, aguçando o conflito apenas acalmado da parte das autoridades religiosas do judaísmo. Como Cristo, os apóstolos conheceram logo as humilhações dos flagelos e da prisão, mas apenas libertados das correntes retomam a pregação do Evangelho. A primeira comunidade cristã, para viver integralmente o preceito da caridade fraterna, colocou tudo em comum, repartindo diariamente o que era suficiente para o seu sustento. Com o crescimento da comunidade, os apóstolos confiaram o serviço da assistência diária a sete ministros da caridade, chamados diáconos. 

      Entre eles sobressaía o jovem Estêvão, que além de exercer as funções de administrador dos bens comuns, não renunciava ao anúncio da Boa Nova, e o fez com tanto sucesso que os judeus “apareceram de surpresa, agarraram Estêvão e levaram-no ao tribunal. Apresentaram falsas testemunhas, que declararam: ‘Este homem não faz outra coisa senão falar contra o nosso santo templo e contra a Lei de Moisés. Nós até o ouvimos afirmar que esse Jesus de Nazaré vai destruir o templo e mudar as tradições que Moisés nos deixou.’ " 
        Estêvão, como se lê nos Atos dos Apóstolos, cheio de graça e de força, como pretexto de sua autodefesa, aproveitou para iluminar as mentes de seus adversários. Primeiro, resumiu a história hebraica de Abraão até Salomão, em seguida afirmou não ter falado contra Deus, nem contra Moisés, nem contra a Lei, nem fora do Templo. Demonstrou, de fato, que Deus se revelava também fora do Templo e se propunha a revelar a doutrina universal de Jesus como última manifestação de Deus, mas os seus adversários não o deixaram prosseguir no discurso, "taparam os ouvidos e atiraram-se todos contra ele, em altos gritos. Expulsaram-no da cidade e apedrejaram-no."
        Dobrando os joelhos debaixo de uma tremenda chuva de pedra, o primeiro mártir cristão repetiu as mesmas palavras de perdão pronunciadas por Cristo sobre a Cruz: "Senhor, não os condenes por causa deste pecado." Em 415 d.C., a descoberta das suas relíquias suscitou grande emoção na cristandade. A festa do primeiro mártir foi sempre celebrada imediatamente após a festividade do Natal. 

Jacopone da Todi, franciscano, autor do Hino "Stabat Mater"



     Jacopone (Jacopo) da Todi é um personagem muito pitoresco, mas quase desconhecido. Sua obra, relativamente importante, lhe assegura a merecida reputação de poeta e autor espiritual. Atribui-se-lhe a composição do "Stabat Mater dolorosa".

Sua vida

      Os historiadores que se debruçaram sobre sua história crêem que ele nasceu numa família nobre, em Todi, por volta de 1228 e 1230. Jacopo estudou Direito, provavelmente na Universidade de Bolonha, como um de seus poemas autobiográficos nos dá a entender. Pensa-se que ele exerceu a profissão de advogado, e que ele se casou com uma nobre dama. Infelizmente, esta dama, que era linda e piedosa, morreu prematuramente, o que afetou muito o jovem esposo.
      Após ter renunciado à sua profissão, ele se engajou numa vida de penitência e não tardou a entrar para a Ordem Terceira Franciscana, levando uma vida relativamente retirada do mundo, descuidando-se de sua aparência e de suas roupas, vivendo como um vagabundo e entregando-se a toda sorte de excentricidades. Ele queria, assim, participar das humilhações sofridas por Jesus Cristo em Sua Paixão. Tendo sido ridicularizado pelos que o cercavam e mesmo pelas crianças das ruas, ele recebeu este apelido de Jacopone (no lugar de Jacopo), pelo qual ele é mais conhecido.

Sua obra

      Jacopone escreveu sobretudo poemas, em dialeto úmbrio (italiano antigo), bem como alguns tratados de vida espiritual. Sua obra foi impressa, uma primeira vez, em 1490, em Florença, contendo 102 textos. Outras edições vieram depois, enriquecidas com outros poemas, provavelmente apócrifos (não oficiais). A edição de Veneza, em 1514 contém 139 poemas, e a edição de Veneza, de 1617, contém 211 peças. Seria muito útil podermos dispor de uma edição crítica moderna.