Seu nome de batismo era Paula Francisca Maria; nasceu dia 6 de novembro de 1813, em Bréscia, na Itália. Ficou órfã de mãe quando tinha apenas 11 anos. Estudou no colégio das Irmãs da Visitação.
Quando tinha 17 anos, seu pai lhe apresentou um jovem, dizendo-lhe que havia decidido que ele seria seu esposo. A jovem se assustou e foi procurar o pároco para comunicar que havia planejado permanecer sempre solteira e dedicar-se totalmente a obras de caridade. O sacerdote procurou seu pai e contou os planos da filha. O Sr. de la Rosa aceitou quase imediatamente a decisão dela e a apoiou mais tarde na realização de suas obras de caridade.
O pai de Maria tinha umas fábricas de tecidos e, com as operárias que ali trabalhavam, a jovem fundou uma associação destinada a se ajudarem mutuamente e a se exercitarem nas obras de piedade e de caridade.
Na propriedade de seus pais fundou também, com as camponesas dos arredores, uma associação religiosa que as afervorou. Em sua paróquia organizou retiros e missões especiais para as mulheres, e a transformação delas foi tão admirável, que ao pároco parecia que eram outras mulheres.
Em 1836 a peste da cólera chegou a Brescia, e com a permissão de seu pai (que o fez com grande temor) Maria foi aos hospitais para atender os milhares de contagiados. Logo se associou a uma viúva que tinha muita experiência nesses trabalhos de enfermaria, e as duas deram tais mostras de heroísmo em atender aos empestados, que os moradores da cidade ficaram admirados.
Depois da peste, como muitas meninas tinham ficado órfãs, o município formou umas oficinas artesanais e as confiou a direção de Maria de la Rosa , que tinha então apenas 24 anos, porém já era estimada em toda a cidade.
Ela desempenhou esse cargo com grande eficácia durante dois anos, mas vendo que nas obras oficiais se tropeça em muitas coisas que tiram a liberdade de ação, resolveu organizar sua própria obra e abriu por sua conta um internato para as meninas órfãs ou muito pobres Pouco depois abriu também um instituto para meninas surdas-mudas. Tudo isto é admirável em uma jovem que ainda não chegara aos 30 anos, e que era de saúde sumamente débil. Mas a graça de Deus concede imensa fortaleza.
As pessoas se admiravam ao ver nesta jovem apostólica umas qualidades excepcionais. Por exemplo, um dia em que uns cavalos desgovernados ameaçavam enviar para um precipício os passageiros de uma carruagem, ela se lançou no posto do condutor e conseguiu dominar os cavalos enlouquecidos e detê-los.
Em certos casos muito difíceis se ouviam de seus lábios respostas tão cheias de inteligência que solucionavam os problemas que pareciam impossíveis de consertar. Nos momentos livres se dedicava à leitura de livros de religião, e chegou a possuir tantos conhecimentos teológicos, que os sacerdotes se admiravam ao escutá-la. Possuía uma memória prodigiosa, que lhe permitia recordar com impressionante precisão os nomes das pessoas que tinham falado com ela, e os problemas que haviam consultado, o que foi muito útil em seu apostolado.
Em 1840 Monsenhor Pinzoni fundou em Brescia uma associação piedosa de mulheres para atender os doentes dos hospitais. Maria de la Rosa foi nomeada superiora. As sócias se chamavam Servas da Caridade. No início eram só quatro jovens, três meses depois já eram 32.
As Servas da Caridade eram admiradas pelo trabalho que faziam nos hospitais, atendendo aos doentes mais abandonados e repugnantes; outros, porém, as criticavam e tentaram tirá-las dali, para que não levassem a religião aos moribundos.
Comentando isto a Santa escrevia: “Espero que não seja esta a última contradição. Francamente, eu sentiria se não fossemos perseguidas”.
Foi-lhe confiado o hospital militar de São Lucas, quando Brescia sofria os efeitos de uma guerra contra a Áustria. Maria de la Rosa e suas companheiras trabalharam incansavelmente, dia e noite, cuidando dos feridos. Mas os médicos e alguns militares começaram a pedir que as tirassem dali, porque com estas religiosas não podiam ter os atrevimentos que tinham com as outras enfermeiras.
Um dia, uns soldados atrevidos quiseram entrar no local onde estavam as religiosas e as enfermeiras para desrespeitá-las; Santa Maria de la Rosa tomou um crucifixo nas mãos e, acompanhada por seis religiosas que levavam círios acesos, enfrentou-os proibindo-lhes em nome de Deus de entrar. Os doze soldados vacilaram um momento, se deteram e se afastaram rapidamente.
O crucifixo foi guardado depois com grande respeito como uma relíquia e muitos doentes o beijavam com grande devoção.
Em 1850, Maria foi a Roma e obteve do Beato Papa Pio IX a aprovação de sua Congregação. Tomou o nome de Maria do Crucificado. As pessoas ficaram admiradas com a rapidez com que ela conseguiu algo que outras comunidades levavam muitos anos para obter, mas ela era muito ágil em buscar soluções. Ela dizia: “Não posso acostumar-me, com a consciência tranquila, com os dias em que perdi a oportunidade, por pequena que seja, de impedir algum mal ou de fazer o bem”.
Em 1852, a fundadora e as companheiras fizeram a sua profissão religiosa. A consolidação da Congregação foi difícil, mas aos poucos, o trabalho das Irmãs foi reconhecido.
Dia e noite Maria estava pronta para acudir os doentes, assistir a algum pecador moribundo, intervir para por paz entre os que brigavam, consolar quem sofria. Por isso Mons. Pinzoni exclamava: “A vida desta mulher é um milagre que assombra a todos. Com uma saúde tão frágil faz trabalhos como de três pessoas robustas”.
Com apenas 42 anos, suas forças já estavam totalmente esgotadas de tanto trabalhar pelos pobres e doentes. Na Sexta-feira Santa de 1855 recobrou sua saúde como por milagre e pode trabalhar alguns meses mais. Porém, no final do ano sofreu um ataque e no dia 15 de dezembro de 1855 passou para a eternidade, a fim de receber o prêmio de suas boas obras.
Santa Maria de la Rosa foi canonizada por Pio XII em 1954. Hoje suas Irmãs se encontram espalhadas por todos os continentes.
corpo incorrupto de Santa Maria de la Rosa